A Geração que vai mudar o mundo (Acervo)

Pesquisa realizada em 27 países revela que os jovens de hoje apostam no poder da tecnologia, acreditam que podem fazer a diferença e são muito otimistas. Saiba como eles estão transformando a maneira de se relacionar, trabalhar, fazer política e negócios

Aos 23 anos, a paulista Lala Rudge é referência para adolescentes e garotas na sua idade com dicas de moda, beleza e life style pela internet. Ela começou a postar fotos de si própria no Instagram e em um blog há três anos. Hoje, é seguida por quase 400 mil pessoas na rede social de fotos e seu diário 
virtual recebe 80 mil visitas diárias. O blog possui dez anunciantes e, para ter um banner estampado nele por um mês, a empresa interessada tem de desembolsar entre R$ 5 mil e R$ 30 mil. Com o sucesso, Lala abandonou a faculdade de direito e é disputada por grifes de moda para prestigiar eventos e desfiles.  

Eles são otimistas, acreditam que podem fazer a diferença, têm espírito empreendedor e são ultraconectados. Também podem ser descritos como narcisistas, excessivamente confiantes e um tanto mimados. O retrato dos jovens nascidos entre os anos 1980 e 2000 depende do ângulo escolhido e da lente utilizada. Mas a juventude de hoje, que cresceu embalada pela maior revolução tecnológica dos últimos tempos, a internet, vem transformando o seu tempo com uma eloquência que não se via desde os anos 1960 e 1970, quando a garotada fez barulho pela liberdade sexual e contra os regimes ditatoriais e as guerras. Educados sob o lema “yes, you can” (sim, você pode), interligados pela rede mundial onde compartilham ideais e ambições, eles estão mudando a forma de se relacionar, trabalhar, fazer política e negócios.

Uma pesquisa feita em 27 países, inclusive o Brasil, com 12 mil jovens de 18 a 30 anos traçou o perfil da Geração Milênio. Salta aos olhos a crença no poder da tecnologia (leia quadro), capaz, na visão deles, de transpor barreiras de linguagem, de facilitar a conquista de um novo emprego e até de reduzir as diferenças sociais. Na enquete, intitulada Telefónica Global Millennial Survey, encomendada pela multinacional de telecomunicações espanhola, os brasileiros se destacam pelo otimismo: 81% acreditam que os melhores dias do País estão por vir, contra 67% da juventude no mundo, e 87% esperam ter dinheiro o suficiente para se aposentar de forma confortável – a média mundial ficou em 61%. Também vale ressaltar que 80% dos nossos jovens creem que podem se destacar na sua comunidade (no mundo o percentual ficou em 62%) e apostam no empreendedorismo. Para 47% dos brasileiros entrevistados, ser dono do próprio negócio é muito importante, contra 22% na média geral. “Essa geração quer mudar o mundo como o Mark Zuckerberg, do Facebook, criando algo grande e ganhando muito dinheiro”, resume a psicóloga Maria Célia Lassance, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A estudante de moda Jordana França é um exemplo do jovem empreendedor. Aos 22 anos, nunca pensou em ter patrão. Recém-chegada de um intercâmbio na Itália, ela acaba de inaugurar, com o apoio financeiro da família, seu primeiro empreendimento, a loja de roupas de ginástica Move Fitwear. “Preciso ser um sucesso. E rápido”, diz. Jordana toca o negócio que fatura cerca de R$ 30 mil por mês, mas também gosta de fazer as vezes de modelo e posta fotos de si própria no Instagram da loja. Os planos para o futuro já estão delineados: “Em seis meses quero abrir outra unidade, lançar minha coleção de peças e vendê-las pela internet”.

“Há um desejo muito grande de se arriscar longe do caminho convencional traçado dentro de uma empresa”, diz Marcela Butazzi, consultora da MB Coaching especializada em carreira para jovens. Em seu escritório, Marcela ouve queixas diante da promoção rápida que não veio ou do salário que não cresceu exponencialmente. “Antigamente, o sujeito primeiro acumulava experiência no mercado. Hoje, ele quer experiência e reconhecimento simultâneos”, explica. Em 2012, uma pesquisa da agência de recrutamento Cia de Talentos sondou 40 mil jovens em todo o País. O sonho de 56% dos entrevistados era não ter patrão e metade revelou a intenção de montar uma empresa no prazo máximo de seis anos. 

Fonte: https://revista.istoe.com.br/330530_ageracaoquevaimudaromundo

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