O avanço de novos endereços da WEB

Deve movimentar mais de US$ 100 milhões nos próximos 200 dias a mais nova corrida da internet: a busca por um domínio de primeiro nível (os chamados gTLDs), até hoje usados para categorizar sites, como .com, .gov, .net.

A largada foi dada na última segunda-feira, em Cingapura, quando o Icann, órgão gestor dos endereços na rede, aprovou a "liberação" dos gTLDs. Há 40 anos, apenas os 22 "Registries" do mundo criam os gTLDs. No Brasil, o responsável é o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Registro.br).Esse volume de negócios para os próximos três meses é uma estimativa por baixo, feita por fontes do mercado, considerando que as empresas gastem o mínimo para terem aprovado um domínio. No entanto, a consultoria Melbourne Digital Brand Service é menos conservadora. Especializada em reforço e proteção de marcas, a empresa, sediada na Califórnia (EUA), aponta que o custo médio necessário para aprovar cada domínio será entre US$ 300 mil e US$ 1 milhão, a depender do tamanho da corporação.As candidaturas só começam no dia 12 de janeiro de 2012, mas o tempo até lá é considerado curto pelas empresas porque o processo é complexo. "A candidata terá que comprovar capacitação técnica e operacional para gerenciar um domínio de primeiro nível", conta por telefone a O TEMPO, de Los Angeles, a diretora do Programa de Registro gTLD do Icann, Karla Valente.Embora o mercado já imaginasse que o Icann fosse aprovar a mudança no encontro de Cingapura, não existiam certezas, pois o projeto está em pauta desde 2008. Agora, os custos básicos de elaboração e avaliação para a proposta terão que ser encaixados no orçamento deste ano.Só a candidatura a um domínio custará US$ 185 mil, cujo pagamento não garante a aprovação. Além disso, cada gTLD liberado pelo Icann custará ao gestor US$ 25 mil ao ano. De acordo com Karla, essa taxa cobre despesas com manutenção.Se a intenção do dono do domínio é abri-lo para abrigar outros endereços, como acontece hoje com a categoria .com (maior da web), haverá ainda taxas extras a partir de um determinado volume. "Analisaremos caso a caso", antecipa a executiva.Na fila. A conta alta e o tempo curto não parecem assustar as empresas interessadas em estar na abertura de mais esse capítulo da web. Desde o ano passado, as japonesas no setor de tecnologia Canon e Hitachi anunciaram que vão concorrer. Nesta semana, confirmaram suas intenções.Porém, ninguém arrisca um número possível de candidatos. "Já ouvimos falar de cem a 2.000 empresas, ou seja, não temos noção do que virá", conta Karla.A Melbourne revela que já foi consultada por cerca de 150 empresas, todas de grande porte. "Elas faturam, em média, US$ 36,7 bilhões ao ano", afirma o CEO e diretor geral da consultoria, Theo Hnarakis.Os dados confirmam as impressões iniciais do mercado de que os domínios de primeiro nível serão, além de mais uma forma de reforço de marca na web, o caminho para novos negócios online. Durante o encontro em Cingapura, o comentário geral era que os setores de notícias, entretenimento e serviços financeiros já têm projetos prontos nas gavetas."Temos ouvido falar que operadoras das Bolsas de Valores e bancos podem se juntar sob um só domínio. Esperam, com isso, reduzir intermediários nas operações financeiras online", conta Karla Valente.


MINIENTREVISTA
"O novo domínio ajuda a alavancar a marca na web"
Karla Valente
Advogada Diretora do Programa de Registro gTLD do Icann
Por que o programa não foi lançado em 2010, como estava previsto?
Fizemos mudanças para dar mais proteção à propriedade intelectual. Mas chegamos a um estágio avançado, por isso o conselho aprovou.

Quais os cuidados adotados para evitar o registro de marcas famosas que já têm donos?
Para evitar esses desvios, faremos uma avaliação criteriosa. Marcas famosas só poderão ser registradas por seus legítimos donos, e isso é fácil de identificar. O mais difícil será em relação aos nomes ainda desconhecidos. Por isso, todas as requisições serão publicadas em um painel no site do Icann para que todos vejam e contestem antes da aprovação do domínio. Recomendo que todos que têm marcas e produtos protegidos ou mesmo consolidados no mercado fiquem de olho nesse painel.

Por que essa abertura dos domínios de primeiro nível (gTLDs) é considerada a maior evolução da web nos últimos 40 anos?
Porque abre várias possibilidades de negócios, além de criar uma plataforma propícia para a inovação e a competição na internet. As empresas poderão explorar o domínio de diversas formas; países, cidades e Estados poderão ganhar mais representatividade na rede, assim como grupos étnicos. A imaginação é o limite. Já ouvi falar de várias intenções na criação de gTLDs, como um domínio "aovivo", ao qual a empresa proprietária subordinaria vários outros endereços.

Comprar um gTLDs apenas para revender no futuro é bom investimento?
Não se compra um gTLDs sem passar pelo processo de avaliação e não vai passar quem não tiver projeto e infraestrutura. Não avaliaremos especuladores, e sim empresas com propostas de negócio. (NS)

Fonte: www.otempo.com.br

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