03/05/2011 - Autor: Spensy Pimentel - Fonte: Desinformémonos / Brasil de Fato
O índice da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) que monitora, desde 1990, os preços internacionais de alimentos chegou a um recorde em fevereiro deste ano, alcançando 236 pontos. Em março, ele voltou a cair, após oito meses de altas. A queda foi de 2,3% em relação ao mês anterior, mas o índice ainda está 37% do nível de março de 2010.
No mundo do jornalismo atual, uma notícia desse teor pode parecer algo abstrata e sem sentido, mas bilhões de pessoas em todos os continentes têm percebido em sua vida cotidiana, nos últimos anos, os efeitos de uma alta generalizada nos preços da comida.
Aqui e ali, são esboçadas explicações suspeitas, como quebras de safra em determinadas regiões, flutuações do preço do petróleo e até o aquecimento global. Frequentemente, o deus Mercado é culpado por essa inflação. Mas, o que realmente está acontecendo? Muita gente quer dizer que há uma crise de oferta, mas não há. O que há é uma crise provocada pela alta dos preços dos alimentos, então isso impacta na demanda, você tem populações que não conseguem consumir em função da alta dos preços dos alimentos.Alguns defendem a teoria neomalthusiana, de que existe uma incapacidade do mundo de garantir a oferta de alimentos – por vários fatores, como o crescimento da demanda, por exemplo. Dizem: a China está crescendo 13% ao ano. Enquanto os chineses se subalimentavam conseguíamos equacionar o problema, mas agora que a China começa a crescer, isso complica Dizem o mesmo incluindo o Brasil, a Índia e países em desenvolvimento. Para outros ambientalistas, o problema é com os biocombustíveis, que estão deslocando a produção agrícola e consequentemente fazendo faltar alimento. Neste caso, é uma meia verdade.
Então, há várias vertentes que tentam atacar a questão pelo lado da oferta, dizendo que não vai ter alimento. O que está por trás desta ideia? A ideia de que os governos têm que dar mais subsídio, têm que fechar seus mercados, não podem deixar exportar livremente, senão falta alimento, têm que investir mais na agricultura. É um viés fisiocrático, ruralista, de querer mostrar que a agricultura precisa ser mais prestigiada, e isso é muito perigoso.
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