Michael Haneke se rende à doçura

Dentre os admiradores de Haneke, está Trintignant, protagonista do novo filme. "Eu trabalhei em mais de 135 filmes e, para mim, Michel Haneke é o melhor diretor em atuação hoje em dia. Eu escolho os filmes em que vou trabalhar não com base no roteiro, mas com base no diretor, e ele tem a mais completa maestria da disciplina cinemática, dos aspectos técnicos, como som e fotografia, à forma como lida com os atores. Esse filme trata de temas que são muito obscuros, mas nunca gostei tanto de trabalhar com um diretor como gostei dele", declara o experiente ator, agora com 81 anos. 

"Antes de começarmos a gravar, tivemos longas discussões, por dois ou três meses, sobre suas ideias de cinema e o que ele estava buscando. Ele disse que sempre fala para os atores não exteriorizarem, para sentirem as emoções profundamente, mas nunca as mostrarem, que é papel dele e das câmeras capturar esses sentimentos", lembra.

Haneke tem uma reputação de vigia, constantemente empurrando seu elenco para frente. Porém, Riva, 85 - mais conhecida por sua performance em "Hiroshima Mon Amour", e aqui escalada para interpretar uma professora de música aposentada - descreveu a atmosfera do set de filmagens como sendo de "sobriedade, serenidade, simplicidade". 

Para o público, Haneke pode ser um enigma, até mesmo um julgamento. Ele parece gostar de brincar com as expectativas dos espectadores e com as convenções do filme. Em uma sequência em ambas as versões de "Violência Gratuita", quando a heroína atira em um dos invasores da casa que estão torturando sua família, e ela parece a ponto de escapar, o outro agressor agarra um controle remoto e rebobina o filme para evitar que isso aconteça. 

Michael Haneke se rende à doçura
"Uma coisa que perpassa todo o seu trabalho, em termos tanto de forma como de conteúdo, é a ambiguidade. Nós, enquanto espectadores, queremos encerramento, queremos o todo representado de forma fechada, sem questões em aberto. Mas ele se certifica que nós entendamos que a totalidade não pode ser representada e, se alguém afirma poder, é ou um mentiroso ou um fascista", analisa o professor de cinema e autor do livro "Funny Frames: The Filmic Concepts of Michael Heneke", Oliver C. Speck.



Fonte: http://www.otempo.com.br/pampulha/michael-haneke-se-rende-%C3%A0-do%C3%A7ura-1.259594

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