Qual a responsabilidade que a sociedade civil possui na segurança pública?

Policiais militares foram assassinados por criminosos neste fim de semana; secretário de Segurança do Rio pediu mudanças no sistema judiciário

Severino Silva / Agência O Dia
Enterro de agente da Core, Bruno Guimarães Buhler, morto no Jacarezinho, foi acompanhado por diversos companheiros, além de policiais de outras forças de segurança

No começo do mês de agosto dois Policiais Militares foram assassinados no Rio de Janeiro: a Cabo PM Elisângela Bessa Cordeiro, com um tiro na cabeça disparado por um menor, e o Soldado PM Samir da Silva Oliveira, com um tiro no pescoço disparado por um fuzil de combate.

Qual é a pena para o menor assassino da PM ? Em média oito meses. Qual é a pena para quem porta um fuzil? Três anos. Como se isso já não fosse suficientemente patético, nossa legislação acrescenta o insulto à injuria ao prever a concessão do beneficio da progressão de pena, fazendo com que o criminoso cumpra apenas 1/6 da pena, ou seja, o guerrilheiro urbano que porta uma arma de uso restrito do Exército e das Forças Policiais, pode estar solto em seis meses.

Soldado Samir da Silva Oliveira / rede social

Quem é o responsável por essa baderna? Você que está lendo este artigo e eu que o escrevi. Somos nós que consistentemente fazemos o mesmo erro de eleger e reeleger os mesmos políticos frouxos e corruptos de sempre, que se recusam a fazer a profunda, e mais do que necessária e muito atrasada, reforma no nosso código penal e no nosso sistema judiciário.

Cabo Elisângela Bessa Cordeiro

São esses ladrões dos cofres públicos e da alma da nossa pátria, que foram democraticamente eleitos por mim e por você, que deveriam ter criado e implantado sistemas sociais eficientes de educação, saúde e moradia que reduziriam muito a questão da violência social. Ao invés disso o que você e eu permitimos que nossos políticos façam?
Criar o infame “Auxilio-Reclusão”, uma especie de Fundo de Garantia por Tempo de Criminalidade. A lógica deste irretocável instrumento Kafkiano é a seguinte: enquanto os criminoso está preso, ele não consegue gerar renda através de assaltos, tráfico, raptos e assassinatos contra você e sua família. Como resolver esta injustiça social, esta afronta aos direitos humanos?
Nossos políticos rapidamente tomaram eficientes medidas corretivas e criaram uma brilhante lei que paga uma ajuda de custo ao condenado, garantindo renda para a família dele! Esse é o bom uso e a correta priorização do seus impostos.

Aonde está a resposta para o fato destes políticos canalhas continuarem a serem eleitos ano após ano? Como os filhos e netos deste mesmos canalhas também conseguem ser eleitos, perpetuando este ambiente monarquico de caos social? A resposta está na sua frente: seu espelho. Numa democracia seu voto é que manda. 
Para aprimorar e defender nossa democracia, e mudar essa baderna, não há necessidade de revoluções armadas, de manifestações violentas com quebradeira do património público. Basta você entrar no Google e digitar o nome do seu candidato antes de votar nas próximas eleições. Ele já foi preso? É réu multiplas vezes? Possui dezenas de processos? Ele aprovou leis relevantes?
Sobre a situação de insegurança social que vem se instalando no Brasil, ao longo das últimas duas décadas, três autoridades peso pesado fizeram, recentemente, declarações que merecem destaque e atenção: 

1) Comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Coronel PM Nivaldo César Restivo:

“O País vive uma crise econômica, politica e com choque de ideias que não seguem a moral desejada.", em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, 13.08.2017

2) Comandante do Exército, General Eduardo Dias da Costa Villas Bôas:

"Esgarçamo-nos tanto, nivelamos tanto por baixo os parâmetros do ponto de vista ético e moral, que somos um país sem um mínimo de disciplina social. Somos um país que está à deriva, que não sabe o que pretende ser, o que quer ser e o que deve ser.", em entrevista ao jornal Valor Econômico, 17.02.2017

3) Secretário de Segurança Publica do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá:
Ouça o áudio, ou leia a transcrição desta incrível entrevista concedida pelo Secretário Roberto Sá, a respeito do assassinato dos seus dois PMs no Rio de Janeiro. A entrevista foi feita por uma repórter do Etúdio I, da GloboNews, em 06.07.2017



Comentários