Inflação das pequenas coisas causa rombo grande no bolso

Consumidor se abala com luz, água e escola, mas não presta atenção aos centavos do dia a dia


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É pouco, mas conta. A estudante Naíra da Costa observou que o bombom, antes a R$ 0,70, agora já não custa menos de R$ 1

QUEILA ARIADNE
Só nos quatro primeiros meses deste ano, a inflação acumulada em Belo Horizonte é de 4,36%. Falta pouco para chegar à meta oficial para o ano inteiro, que é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima. Quando as contas são grandes, como água, luz, escola e transporte, o consumidor percebe logo o aumento. Mas, além dessas despesas mais pesadas, tem uma inflação das pequenas coisas, que, embora seja invisível aos olhos, já provoca um buraco no bolso. São os aumentos de poucos centavos, como os do pão de queijo e do cafezinho.
O advogado Ricardo Mendes afirma que já está percebendo, há pelo menos um ano, que o dinheiro está mais curto. Mas, nos pequenos consumos do dia a dia, ele confessa nem ter se tocado. Só que o aumento aconteceu. O pão de queijo, que ele costuma comer cerca de três vezes por semana, subiu R$ 0,30, de R$ 1,90 para R$ 2,20. O cafezinho aumentou R$ 0,20, de R$ 1,70 para R$ 1,90. “Na verdade, nem percebi esses aumentos. Tenho percebido outros, e sei que é um momento de mais cautela. Eu, por exemplo, estava pensando em trocar de carro, mas vou esperar”, comenta.
Eunice Correia é gerente de uma pastelaria. “A gente tenta segurar os preços, mas tudo está subindo. Já tivemos que reajustar a promoção de dois pastéis e um refresco, que custava R$ 2,90, para R$ 3,20”, conta. No dia a dia, Eunice diz que vê encarecerem o alface, o tomate, a luz. “Nos pequenos centavos dá uma diferença muito grande”, ressalta.
A estudante Naíra da Costa também tem visto as pequenas coisas subirem. “Eu comprava um bombom por R$ 0,70. Agora é, no mínimo, R$ 1. Não percebemos quando pagamos só R$ 0,10, R$ 0,20 e R$ 0,30 a mais, mas no fim do mês, quando somamos, faz diferença, sim”, afirma. 
CRÉDITO
A-
LEGENDA
Estagflação. O professor de economia da Fumec Fernando Nogueira explica que as pessoas tendem a enxergar mais os grandes gastos, que têm peso maior no orçamento. Mas, na hora de cortar despesas, os pequenos luxos devem ser o alvo. “Ninguém pode cortar o aluguel ou a escola da noite para o dia, então tem que cortar esses gastos pequenos”, diz.
Nogueira ressalta que, na hora de planejar, as pessoas pensam nas contas macro e se esquecem das micro. No entanto, no atual contexto econômico, é hora de repensar o consumo.
“O mais sério é que a inflação que estamos vivendo não está acontecendo por pressão do consumo. Os preços estão subindo em um cenário de perspectivas muito ruins, com risco de o desemprego crescer e com previsão de que o PIB caia 1% neste ano. É a chamada estagflação, que é muito pior, pois temos inflação com estagnação, sem previsão de crescimento da economia”, analisa o professor.
Energia
Cafezinho. Presidente da Comissão de Café da Faemg, Breno Mesquita explica que o preço pago ao produtor caiu. O dono do Café Nice, Renato Caldeira, diz que culpa maior da alta é da energia.
Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/economia/infla%C3%A7%C3%A3o-das-pequenas-coisas-causa-rombo-grande-no-bolso-1.1044108


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