Corpo denuncia os efeitos do esgotamento profissional


Uma decisão recente do Tribunal de Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro (TJT-RJ), que determinou a reintegração ao trabalho e o pagamento de indenização por dano moral a uma funcionária dispensada durante o tratamento da Síndrome de Burnout leva à discussão sobre a doença, ainda desconhecida por grande parte das pessoas.
Conhecido como Síndrome do Esgotamento Profissional, o problema se manifesta quando uma pessoa vive situações de estresse moderado por um período superior a três meses. “Em algum momento, a pessoa que vinha conseguindo lidar com a situação, estoura. Ela vai vivendo situações cumulativas que, em algum momento, ela rompe”, explica o psiquiatra Kalil Duailibi, diretor científico do Departamento de Psiquiatria da Associação Paulista de Medicina (APM).
Esse rompimento com a situação estressante, segundo Duailibi, não é pequeno. “Geralmente, a pessoa sai do trabalho, quebra tudo, manda e-mails ‘explodindo’”, diz. Essa “explosão” não se assemelha com um momento catártico. “Na catarse, a pessoa relembra uma situação traumática, revive aquilo e esse momento traz superação. Ela sofre, chora na hora, mas isso serve de crescimento. No Burnout, a pessoa só sofre”, esclarece o psiquiatra.
Química. Os efeitos do estresse continuado podem ser vistos no corpo. Os níveis de serotonina e dopamina são diminuídos, e algumas áreas do cérebro ficam atrofiadas, não pela morte de neurônios, mas porque eles perdem sua capacidade normal de fazer sinapses (ligações) com outros neurônios.
Tanto quanto o cérebro, o coração também pode sofrer muito com o estresse prolongado e com a crise de Burnout. “Há a liberação de epinefrina (adrenalina), levando ao aumento da pressão arterial, taquicardia e, por conta do aumento de resistência à insulina, até o diabetes”, explica o cardiologista Antonio Gabriele Laurinavicius, do Departamento de Medicina Preventiva do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Tratamento. O ideal, em casos de Burnout, é que a pessoa seja afastada do trabalho e passe por um tratamento multidisciplinar. Medicamentos que atuam com a serotonina, segundo o psiquiatra Kalil Duailibi, costumam ter boa eficácia nesse tipo de tratamento.
Além disso, o médico recomenda atividade física com duração ininterrupta mínima de 40 minutos quatro ou mais vezes na semana para a liberação de endorfina, que age dentro do neurônio. Sessões de psicoterapia auxiliam no trabalho da escuta do outro, e mudanças no ambiente de trabalho – trocar de setor ou mudar de chefia, por exemplo – protegem a pessoa de outras crises.
Coração partido
Sensibilidade. O coração é tão sensível que um estresse emocional intenso pode levar à Síndrome de Takotsubo – desordem do ventrículo esquerdo do coração, mesmo não havendo obstrução.
Fonte:http://www.otempo.com.br/corpo-denuncia-os-efeitos-do-esgotamento-profissional-1.1022113

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