Pesquisa pode mudar escolha de tratamento para depressão

Experimento pode abrir portas para tratamento mais preciso de transtornos mentais



INTERESSA  - DEPRESSAO
Novos horizontes. Pesquisas norte-americanas podem auxiliar psiquiatras a escolher entre terapia ou remédios para os pacientes com depressão

Nova York, EUA. Apesar de o Santo Graal da terapia personalizada – com drogas psicotrópicas ou psicoterapia – ter se tornado ilusório, aprendemos muito nos últimos tempos sobre os fatores individuais que podem prever uma resposta melhor a um tratamento do que a outro.
A doutora Helen Mayberg, professora de psiquiatria da Universidade Emory, nos EUA, publicou recentemente no jornal especializado “Jama Psychiatry” um estudo que identificou um potencial marcador biológico no cérebro que poderia dizer se um paciente com depressão responderia melhor à psicoterapia ou ao tratamento com um antidepressivo.

Usando tomografia por emissão de pósitrons (PET scan), ela dividiu ao acaso um grupo de pacientes com depressão para que fizessem 12 semanas de tratamento com o antidepressivo SSRI Lexapro ou se submetessem ao mesmo período de terapia cognitiva comportamental, que ensina aos pacientes como corrigir pensamentos negativos ou distorcidos.

No geral, cerca de 40% dos pacientes deprimidos responderam aos dois tratamentos. Mas Helen Mayberg encontrou diferenças significativas entre o cérebro dos pacientes que melhoraram com o medicamento Lexapro e aqueles que apresentaram avanços com a terapia cognitiva comportamental e vice-versa.

Os pacientes com baixa atividade em uma região do cérebro chamada ínsula anterior, medida antes do tratamento, responderam muito bem à psicoterapia, mas mal ao remédio; ao contrário, aqueles com atividade intensa nessa região tiveram uma resposta excelente ao Lexapro, mas não melhoraram com a terapia cognitiva comportamental.

O que poderia explicar essas diferentes respostas? Sabemos que a ínsula está envolvida de maneira importante na capacidade de se obter autoconhecimento emocional, ter controle cognitivo e tomar decisões; todas essas ações ficam prejudicadas pela depressão. Talvez a terapia cognitiva tenha um efeito mais poderoso do que o antidepressivo em pacientes com uma ínsula pouco ativa porque ela os ensina a controlar seus pensamentos emocionalmente perturbados de uma maneira que o antidepressivo não consegue.

Essa descoberta casa bem com o que aprendemos nos estudos anteriores de imagens do cérebro, que demonstram que os antidepressivos e a psicoterapia têm efeitos em comum, mas também atuam em regiões diferentes do cérebro.

Hoje, os médicos prescrevem normalmente antidepressivos com base em tentativa e erro, selecionando ou adicionando um antidepressivo depois do outro quando um paciente não responde bem ao primeiro tratamento. Mas essas diferenças neurobiológicas podem ter implicações importantes, já que, para a maioria dos tipos de depressão, existe pouca evidência para enfatizar uma ou outra forma de tratar a doença.

Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/pesquisa-pode-mudar-escolha-de-tratamento-para-depress%C3%A3o-1.1000308



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