Pampulha é eleita Patrimônio Cultural da Humanidade

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Belo Horizonte comemora a nomeação do Conjunto Arquitetônico da Pampulha como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Mas, em algum outro lugar, Oscar Niemeyer também celebra feliz: a Pampulha era o xodó do arquiteto.

“Oscar ficaria muito feliz com o título. Ele sempre falou que a Pampulha era onde realmente começou a arquitetura dele, essa arquitetura de curvas livres que o concreto armado permite”, diz Carlos Ricardo Niemeyer, bisneto de Oscar e superintendente da Fundação Niemeyer. Apesar de já ter construído outros prédios quando fez o conjunto, foi a partir da Pampulha que o arquiteto inaugurou o estilo que o tornaria conhecido pelo mundo.

Para o próprio Carlos, além de uma grande alegria, o título representa a possibilidade de um futuro mais glorioso para o conjunto. “O título, ainda que não garanta a preservação, dá um apoio muito grande para que ela aconteça, porque destaca a importância do patrimônio público, da necessidade da preservação, ajuda a construir uma consciência da importância dessa preservação”, opina.

O efeito positivo da nomeação aconteceu em Brasília (DF), também eleita patrimônio da humanidade. “Ela foi a primeira cidade moderna que recebeu o título de patrimônio, e isso contribuiu muito para ajudar a preservar não só os prédios, mas também os espaços vazios, que Oscar sempre dizia que faziam parte da arquitetura. O fato de a cidade ter sido eleita fez com que houvesse uma preservação da obra do Oscar e do Lúcio Costa”, ilustra Carlos.

Queixas. As obras exigidas pela Unesco para manter o título agradariam Oscar Niemeyer, segundo seu bisneto. “Em todas as suas visitas ao local, ele se queixava das intervenções no Iate Clube, que fugiam ao projeto inicial. Ele ficaria muito feliz que uma das coisas que estão sendo discutidas é a recomposição do projeto original do clube”. No caso do Iate, a Unesco exige a demolição do anexo construído na década de 70. Otimista, Carlos acredita que todas as demandas da Unesco serão feitas no prazo, de trës anos.

O título concedido à Pampulha confere aos gestores públicos o direito a linhas de financiamento que podem ser fundamentais para essas obras. Mas, mais que isso, pode atrair investimentos indiretos de agentes que vejam no local boas oportunidades de turismo. Com o título, a região terá potencial para atrair mais turistas e incentivar atividades em torno de todo o espaço.

Sobre o título
Topo. Minas é o Estado brasileiro com mais sítios declarados patrimônio. Além do Conjunto Moderno da Pampulha, são considerados bens a Cidade Histórica de Ouro Preto, o Centro Histórico da Cidade de Diamantina e o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas. No país, agora são 20 sítios no total (lista em www.otempo.com.br).

Critérios. O conjunto da Pampulha se candidatou ao título da Unesco sob três critérios: representar uma obra-prima do gênio criativo humano, exibir intercâmbio de valores humanos que impactaram o desenvolvimento da arquitetura, as artes monumentais, o urbanismo e o paisagismo, e ser um exemplar excepcional de um conjunto arquitetônico que ilustra um estágio significativo da história.

Repercussões
Governador. Fernando Pimentel (PT) comemorou fato de Minas ser o Estado com o maior número de bens, são quatro no total. “O título concedido ao conjunto arquitetônico é a celebração do importante legado modernista deixado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e evidencia a diversidade cultural existente em nosso Estado”.
Igreja. O arcebispo de BH, dom Walmor de Azevedo, destacou a importância da Igrejinha.
“A presença da Capela de São Francisco de Assis como um dos elementos mais marcantes desse conjunto arquitetônico é também testemunho vivo da história da fé mineira, enraizada na religiosidade”.

União. Para o governo, a Unesco, ao reconhecer o valor universal excepcional da Pampulha, considerou o conjunto “símbolo de uma arquitetura moderna, distante da rigidez do construtivismo e adaptada de forma orgânica às tradições locais e às condicionantes ambientais brasileiras”. 

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Celebração. Moradores da capital e artistas usaram a internet para comemorar o título, como os músicos do Pato Fu, que postaram a imagem de um show no Museu de Arte da Pampulha, com a legenda: “E não é que agora podemos dizer que temos um disco gravado em um Patrimônio Mundial?!”.

Fonte: Trecho retirado do site http://www.otempo.com.br/cidades/o-in%C3%ADcio-da-obra-de-niemeyer-1.1339476

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