“O PEQUENO PRÍNCIPE” Fenômeno da imaginação

Obra-prima de Antoine de Saint-Exupéry ganha nova versão com a animação do norte-americano Mark Osborne


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Estreia. Animação será exibida neste domingo no Festival Anima Mundi, no Rio de Janeiro
Rio de Janeiro. Desde 1943, as pessoas são categorizadas de duas formas, dependendo de como enxergam uma mesma figura mal traçada numa folha de papel. As pessoas grandes, sem imaginação ou sensibilidade para proteger uma rosa dentro de uma redoma, veem um simples chapéu. Já as outras, de todas as etnias, gêneros, idades, espalhadas mundo afora com um mesmo livro na gaveta, sabem que a tal imagem é, na verdade, um elefante engolido por uma jiboia.  
Foi um garoto de cabelos cor de ouro e capacidade ímpar de narrar histórias que criou a divisão. E foi um aviador francês, com igual criatividade, que criou o garoto, certamente um dos maiores ícones da cultura pop mundial. “O Pequeno Príncipe”, obra-prima de Antoine de Saint-Exupéry, lançado em 1943, acumula números grandiosos: foi traduzido para 280 idiomas e dialetos; teve mais de 150 milhões de cópias vendidas no mundo; e rende aos herdeiros do autor 100 milhões por ano com licenciamento de livros e outros produtos, além de pelo menos 16 adaptações para cinema e TV lançadas.  
Os números, porém, de longe não servem para dar conta do tamanho do fenômeno que se tornou o personagem de Saint-Exupéry, um autor desaparecido em 1944 durante um voo de reconhecimento sobre o mar Mediterrâneo, quando combatia, pela França, os alemães na Segunda Guerra Mundial.  
“Há algo no livro que é completamente atemporal e se conecta com o que somos como seres humanos”, diz o norte-americano Mark Osborne, diretor de “Kung Fu Panda” (2008), “Bob Esponja” (2004) e da novíssima animação “O Pequeno Príncipe”. “Como muitos, tenho uma relação com o livro. Quando morava em Nova York, fui aceito num curso de animação na Califórnia. Para ir, teria que deixar minha namorada, hoje mulher. Mas ela me apoiou completamente. Ela disse, citando o livro, que ‘o essencial é invisível para os olhos’, e me deu de presente sua cópia”, relembra. 
A animação de Osborne estreou no último Festival de Cannes e terá sua primeira exibição no Brasil no domingo, às 20h, na Cidade das Artes, pelo Festival Anima Mundi. O diretor estará presente. Depois, o longa tem estreia brasileira marcada para 20 de agosto.  
“Quando me ofereceram o projeto, primeiro eu disse que era impossível. É o tipo de livro intocável”, lembra Osborne. “Só aceitei quando percebi que podíamos criar um filme que mostrasse o quanto alguém é afetado pela experiência de ler ‘O Pequeno Príncipe’. Como eu próprio fui no passado”.
A inspiração para escrever – e ilustrar – o livro veio de experiências vividas por Saint-Exupéry. Por exemplo, em 1935, o avião que pilotava caiu no Saara, e o escritor passou quatro dias sofrendo de desidratação e fome, e tendo alucinações, até ser resgatado. Assim nasceu a história do piloto que cai no deserto e, na primeira noite em que dorme sobre a areia, é acordado por um estranho pedido: “Por favor, me desenha um carneiro”. 
 
Muitos carneiros foram desenhados desde então. Uma busca pelo termo “pequeno príncipe” no site da Livraria Cultura oferece 83 resultados de livros.
Fonte: http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/fen%C3%B4meno-da-imagina%C3%A7%C3%A3o-1.1067224


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