Paixão pela caneca na mão

Rota do Mestre Cervejeiro passa por cidades que engarrafam as cervejas mais antigas e cobiçadas do planeta


Mais antiga. Degustação na Weihenstephan, em Freising, que produz cerveja desde 1040
Mais antiga. Degustação na Weihenstephan, em Freising, que produz cerveja desde 1040
Fazer um tour pela Alemanha (com uma escapada até Saint Gallen, ali pertinho, na Suíça) para visitar as mais importantes cervejarias daquela região nunca tinha passado pela minha cabeça. Devia. Confesso que, se não tivesse sido escalada para embarcar na Rota do Mestre Cervejeiro por lá, dez dias de caneca em punho e muito colarinho branco (ou não) pela frente, provavelmente jamais teria colocado o meu All Star azul (mesmo) em paragens como Kelheim, Freising ou Füssen, berços das melhores pils, weizenbier ou ales do planeta e sede de marcas como Weltenburger, Weihenstephan, Paulaner, Erdinger..
Bayreuth, o começo da “trip”, é também CEP de uma das mais antigas cervejarias do país, a Meisel’s Weisse, de 1872, que promove tours em catacumbas centenárias a 12 metros de profundidade (Bayreuth tem 32 km de túneis subterrâneos, que serviram de abrigo na Segunda Guerra Mundial).
Obrigatório
Um tour de caneca em punho faz todo o sentido. A Alemanha recebe os entusiastas com nada menos que 1.300 cervejarias e 5.000 marcas diferentes de cerveja. O consumo per capita é de 250 litros anuais, enquanto no Brasil fica na faixa de 50 litros.
Todo ano promove megaencontros em torno da bebida, caso da Oktoberfest (de 19/9 a 4/10), em Munique, e do Festival da Primavera de Stuttgart (entre maio e abril), no qual o traje típico é obrigatório para homens e mulheres.
Importância
Em dez dias, aprendi que cerveja por lá é mais que bebida: é cultura, história, religião, celebração e tradição, daquelas que se degustam aos poucos, de gole em gole. É a vida celebrada nas mesas dos animados biergartens – áreas ao ar livre lotadas de gente, boa comida e bebida, que nos meses mais quentes do ano ganham molho e colorido especial: os ramos de tulipas, petúnias e begônias.
Escoltada por um naipe afiado de cervejeiros – entre simples apreciadores, alguns, já sommelier e outros produtores caseiros –, desembarquei em Frankfurt em uma manhã de céu azul e temperatura de agradáveis 17°C. A Alemanha nos recebeu de braços abertos, tal e qual Wagner.
Vinhos e cervejas a perder de vista
A partir de Saint Gallen, com vaquinhas no campo e Alpes nevados, se alcança Stuttgart, de volta à Alemanha, cidade de 600 mil habitantes e a mais industrial do país, tanto que 20% de seus moradores são estrangeiros. A sede da Mercedes-Benz fica ali, em prédio revestido por 1.800 placas de vidros. Dá para entrar e desfrutar do seu divertido museu.
Apesar de industrial, Stuttgart tem o impensável: 17 hectares plantados com vinhedos produtivos, que crescem em bairros chiques, de valor de metro quadrado nas alturas. Quem cuida é o governo, que vinifica também. São uvas como trollinger e lemberger, que rendem vinhos tintos agradáveis.
Além dos vinhedos carregados de uvas, 56% da área urbana de Stuttgart é de grandes parques e bosques. Não por coincidência, tanto o governador como o prefeito dali pertencem ao Partido Verde alemão.
Um dos melhores programas em Stuttgart, especialmente nos fins de semana, é explorar o Stuttgarter Markthalle, o completíssimo mercado de comida da cidade. É de morrer de inveja.
Instalado em uma antiga construção de 1914, tem 46 boxes recheados das mais diversas iguarias, de embutidos aos queijos, doces, conservas, seja para levar para casa ou para comer ali, encostado nos balcões, bebericando uma boa cerveja, como a Schönbuch, feita na cidade mesmo, cuja fábrica é aberta ao público.
No último andar, estão os restaurantes e, no subsolo, a floricultura que emenda com uma livraria maravilhosa, com títulos de jardinagem e uma infinidade de utensílios. 
Fonte: www.otempo.com.br

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