Livro prega que pensamento negativo é a chave da felicidade

Pensar sobre o pior cenário ajudaria a aliviar a ansiedade, segundo autor inglês

B-C
“O que importa não é o que a vida nos faz, mas o que nós fazemos com o que a vida nos faz” - Orestes Diniz Neto, Professor de psicanálise da UFMG 

Por medo de que alguma coisa possa dar errado, o publicitário, criador do site “Vinhozinho” e pessimista convicto, Eduardo Simões, 31, sempre acaba carregando uma bagagem enorme em suas viagens. “Levo simplesmente tudo – remédios, adaptador de tomada, pilha – e acabo sendo criticado por muita gente”, conta. Na maioria das vezes, porém, é ele quem acaba rindo por último. “Em 99% das situações, eu sou o único a ter o que a pessoa que me criticou estava precisando”.

Simões – e outros pessimistas – estão prestes a ter uma fundamentação teórica que incentiva essa postura. Será lançado no Brasil, no início de março, o livro “Manual Antiautoajuda – Felicidade Para Quem Não Consegue Pensar Positivo”, do jornalista inglês Oliver Burkeman. A obra desbanca os manuais de autoajuda e sugere que nós devemos nos voltar para o fracasso, a insegurança, a mortalidade e todas as outras coisas que passamos a vida tentando evitar para encontrar a felicidade.

“Acho que muitos deles (manuais) encorajam as pessoas a usar técnicas que simplesmente não funcionam, que as tornam mais estressadas e infelizes e, daí, as fazem se sentir responsáveis quando isso acontece”, justifica o autor em entrevista para O TEMPO. Contra isso, Burkeman sugere o que ele chama de “caminho negativo”, que consiste exatamente em não ignorar os pensamentos e as emoções negativas, mas tentar aceitá-los e aprender com eles. Uma técnica que está dentro do caminho negativo é o chamado “pessimismo defensivo”.

“É um comportamento que envolve pensar sobre o pior cenário em um dado contexto e todas as coisas que poderiam dar errado. Ajuda as pessoas a lidar com a ansiedade, as deixa mais tranquilas e as prepara mentalmente caso o pior realmente venha a acontecer”, explica.

Contudo, nem sempre considerar onde algo poderia dar errado é um caminho para lidar com a ansiedade. Muitas vezes, acontece o contrário. O funcionário público Luiz Dumont, 32, também se prepara bem para uma viagem. Antes de embarcar, verifica todos os detalhes, pesquisa mapas, sabe a localização exata do hotel e dos pontos turísticos que quer visitar. “Quem vê de fora, até acha que eu conheço a cidade”, garante. Mas tem o outro lado: “o ruim é que causa ansiedade. Eu estou sempre nervoso”, revela. 

Diversidade. Os exemplos de Simões e Dumont servem para ilustrar o que o psicanalista Orestes Diniz Neto, professor de psicanálise da Universidade Federal de Minas Gerais, defende com afinco: não há uma fórmula mágica para a felicidade, nem uma regra única de comportamento.
“Há estudos que mostram que pessoas pessimistas, de um modo geral, se previnem mais do que as otimistas. Por outro lado, há estudos que demonstram que os otimistas se arrojam e se arriscam mais. Ambos os padrões de comportamento são possíveis”, afirma. E ensina: “Felicidade não é um estado de realização plena do ser humano, é um processo contínuo de se tornar cada vez mais o que você é”. 

Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/livro-prega-que-pensamento-negativo-%C3%A9-a-chave-da-felicidade-1.793012

 

Comentários