Acredite, ondas magnéticas podem provocar muita dor

Complicações respiratórias, palpitações e até perda de memória são sintomas


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Protegidos. O ex-professor Jean-Jacques e a ex-arquiteta Emilie saem de casa com capas protetoras; vizinhos, eles se isolaram do mundo

Paris, França. Para alcançá-los, esqueça internet ou telefone e deixe seus aparelhos desligados e dentro do carro antes de visitá-los: pessoas como os franceses Emilie e Jean-Jacques, eletrohipersensíveis (EHS), só conseguem sobreviver mantendo distância de ondas eletromagnéticas.

Atrás das grossas paredes de pedra de sua casa sem eletricidade, Emilie se protege com portas e janelas. Seu único horizonte: as verdes colinas do maciço Livradois-Forez (centro da França), onde se refugiou. Mas seu equilíbrio é precário. Quando seus vizinhos usam o smartphone ou se conectam à Internet, ela tem que se esconder na floresta mais próxima.

A vida dessa ex-arquiteta ficou em pedaços no dia em que seu corpo deixou de suportar as ondas emitidas pela tecnologia moderna. “Eu comecei a ter dores de cabeça muito violentas, náuseas, perda de habilidades motoras. Conseguia sentir a presença de antenas a dois quilômetros e meu cabelo caía em punhados”, conta ela, que tem 48 anos e, por causa das doença, hoje vive longe dos filhos e enverga uma silhueta frágil.

Antes de descobrir a doença e se isolar, cada exposição rendia a Emilie dolorosas contrações dos músculos das extremidades, perdas de memória imediata e problemas de concentração, tonturas e até mesmo queimaduras no corpo.

Patologia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) não reconhece o problema como uma patologia, e sim do uma deficiência. “O EHS não tem um diagnóstico e ainda não está claro se ele representa um problema médico”, afirma a cientista especialista em radiação, Tahera Emilie van Deventer, chefe de um departamento criado pela OMS em 1996 somente para pesquisar os efeitos de ondas eletromagnéticas na saúde humana. Até agora, não há evidências científicas de que essas ondas causem algum dano direto a um indivíduo – assim como o sinal emitido por celulares.

Ainda assim, a OMS não nega que há pessoas que se sentem mal ao entrar em contato com aparelhos eletrônicos. A teoria, então, recai sobre o chamado efeito nocebo (quando um tratamento falso inflige sintomas indesejáveis). Trata-se de um distúrbio psicológico em que uma pessoa acredita tanto que algo vai lhe fazer mal, que acaba ficando doente.

Olle Johansson, neurocientista do Instituto Karolinska de Estocolmo, que estuda os efeitos dos campos eletromagnéticos sobre a pele, é contra a ideia do efeito nocebo. “Já imaginou estar com dor de cabeça e alguém lhe falar que você não sente isso porque não é mensurável?”

“Esses problemas não são psiquiátricos, são reais”, garante o presidente do Centro de Pesquisa e Informação sobre Raios Eletromagnéticos (Criirem), Pierre Le Ruz, que as considera uma “doença de adaptação” ao ambiente em mudança.

Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/acredite-ondas-magn%C3%A9ticas-podem-provocar-muita-dor-1.1070683

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