Ultraortodoxos se recusam a voar com uma mulher ao lado

Religiosos que seguem regra de tocar apenas na própria mulher se veem em situação delicada


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MICHAEL PAULSON THE NEW YORK TIMES

Nova York, EUA. Francesca Hogi, 40, já se ajeitara em seu assento do corredor no voo de Nova York para Londres quando o passageiro do assento da janela ao seu lado chegou e se recusou a sentar, dizendo que sua religião o proibia de se sentar ao lado de uma mulher que não fosse sua esposa. Irritada, mas ansiosa por partir, ela acabou concordando em mudar de lugar. 
Laura Heywood, 42, teve uma experiência semelhante durante a viagem de San Diego para Londres via Nova York. Ela estava na poltrona do meio – o marido no assento do corredor – quando o homem que se sentaria na janela da mesma fileira perguntou se o casal mudaria de posição. Laura, ofendida com a ideia de que seu gênero a transformava em uma companhia inaceitável, se recusou. “Eu não fui rude, mas achei a razão machista, então fui direta”, disse ela.
Um número cada vez maior de passageiros, especialmente em viagens entre os Estados Unidos e Israel, compartilham agora histórias de conflitos entre judeus ultraortodoxos, tentando seguir sua fé, e mulheres que só querem se sentar. Vários voos entre Nova York e Israel, em 2014, foram adiados ou interrompidos por esse motivo.
Algumas passageiras dizem que acharam o pedido simplesmente surpreendente ou confuso, mas, em muitos casos, a questão expõe e amplifica as tensões entre as diferentes vertentes do judaísmo.
Ofensas. Jeremy Newberger, 41, documentarista que testemunhou um desses episódios em um voo da Delta de Nova York para Israel, estava entre os vários passageiros judeus que se sentiram ofendidos. “Eu cresci conservador e sou simpatizante dos judeus ortodoxos, mas esse hassídico chegou, parecendo muito desconfortável, e nem falou com a mulher. Ele parecia um yutz”, disse ele, usando a palavra em iídiche para “bobo”.
Representantes dos ultraortodoxos insistem que o comportamento é raro. O rabino Avi Shafran, diretor de relações públicas do Agudath Israel of America, que representa os judeus ultraortodoxos, observou que, apesar das leis religiosas que proíbem o contato físico entre judeus e mulheres que não sejam suas esposas, muitos ultraortodoxos seguem a orientação de um renomado acadêmico, o rabino Moshe Feinstein. 
Ele diz ser aceitável para um judeu se sentar ao lado de uma mulher no metrô ou no ônibus, contanto que não haja intenção de buscar prazer sexual no contato.
Fonte: http://www.otempo.com.br/interessa/ultraortodoxos-se-recusam-a-voar-com-uma-mulher-ao-lado-1.1032216

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