Somos todos corruptos?

Um dileto amigo meu publicou em seu blog um artigo enquadrando e a ele próprio na categoria de corruptos. Fez uma grande lista de atos que caracterizam a corrupção. Comerciante que embute um lucro excessivo na mercadoria é corrupto; banqueiro que cobra juros escorchantes é corrupto; pobre que "faz gato" na rede elétrica é corrupto; quem não paga impostos ou não emite nota fiscal é corrupto; aluno que "cola" para passar no exame é corrupto, etc. Deixa até algumas linhas em branco para que o leitor defina o ato que o caracteriza também como corrupto.
Com ele concorda a brilhante jornalista gaúcha Eliane Brum: "A sociedade brasileira, como qualquer um que anda por aí sabe, é corrupta, da padaria da esquina ao Congresso".
Essa compreensão do comportamento do brasileiro, embora correta, tem servido aos comprometidos com os mensalões e petrolões como uma espécie de álibi para minimizar os escândalos. Usam frases como "a corrupção sempre existiu" e agora estamos sabendo porque o governo é do povo". Alguns, confundindo tudo, citam até o evangelho (João 8:7) para desafiar quem não for corrupto a atirar a primeira pedra.
A verdade, entretanto, é que José Dirceu e seus comparsas assemelham-se mais aos vendilhões do templo, expulsos a chicotadas por Jesus, do que à adúltera que escribas e fariseus queriam apedrejar e que é perdoada por Jesus. Lavagem de dinheiro, com recibo que a empresa contabiliza, diminui seu lucro e burla o Imposto de Renda. Por que será que quase todo petista que sai de cargo público funda logo uma consultoria e fica rico? Aqui em Minas não é diferente.
Quem sabe uma ONG, a Transparência Brasil, faz um levantamento do crescimento das despesas públicas com as consultorias durante a era PT? Provavelmente, vamos todos nos surpreender.
A confissão de Pedro Barusco informando que em 1998 já recebia propinas foi festejada pelo PT e serviu até de argumento para a presidente, mais uma vez, declarar que a culpa é de Fernando Henrique Cardoso, que publicou um decreto permitindo cartas-convite em lugar de licitações, como determina a lei. 
Nem Lula, nem ela revogaram o decreto em mais de 12 anos no governo. Concordância, incompetência, cumplicidade? As centenas de milhares de brasileiros (corruptos ou não) que encheram ruas e praças nas manifestações do dia 15 tinham como reividicação o fim da corrupção. Até a manifestação de dois dias antes, presentes o exército do MST e populares financiados pela CUT, condenava a roubalheira.
A presidente engana-se quando acha que acalmará a revolta com discursos e promessas.

Texto de Antônio de Faria Lopes - Advogado e publicado no jornal o tempo e editado por Edinilson de Sousa Matias - blogueiro - valenoticiar.blogspot.com.br

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