Síria - Diplomacia está deslegitimada’

Para especialista, falta de medidas mais duras contra o uso de armas químicas incentiva países a usá-las

Horror
Segundo ativistas, militares atacaram a periferia de Damasco com gás, matando centenas de pessoas, entre elas crianças

Cinco casos de suspeita de uso de armas químicas pelas forças de Bashar al-Assad no conflito sírio já foram denunciados por ativistas da oposição neste ano. No entanto, o ataque de ontem, que pode ter matado mais de 1.300 pessoas, é de longe o incidente mais grave. Em mais de uma ocasião, a comunidade internacional, encabeçada pelos Estados Unidos, afirmou que a utilização desse tipo de armamento era inaceitável e poderia desencadear uma intervenção militar em Damasco.
Porém, mesmo com a confirmação do uso das armas químicas após investigações, não foram produzidos avanços para uma possível intervenção. “A agenda norte-americana sempre foi de combate. Mas dessa vez, os Estados Unidos não vão invadir igual fizeram no Iraque e no Afeganistão. Qualquer tipo de intervenção terá que ser aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU. E já sabemos que não contará com o voto da Rússia, que é um país muito próximo da Síria por uma questão estratégica.”, explica o coordenador do curso de relações internacionais do Ibmec do Rio d Janeiro José Luiz Niemeyer.
“Os EUA já não conseguem vender uma nova intervenção no Oriente Médio”, completa. Para Niemeyer, a falta de uma real ação da comunidade internacional diante de um massacre como o de ontem deslegitima o poder diplomático. “A não atuação em um caso desses revigora os conflitos não só na Síria, mas em outros Estados como o Egito. Como não há uma forma de neutralizar esse tipo de ataque, os países ficam muito à vontade para atuar da maneira que quiserem sem respeitar os tratados”, afirma.



Acusações. Há meses, rebeldes denunciam o uso de armas químicas pelo governo. Eles contam com o apoio dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e da França em suas acusações. Já a Síria, com o apoio da Rússia, desmente e acusa os rebeldes de usarem tais armas.

A Casa Branca declarou-se “profundamente preocupada” com as denúncias. Em junho, os EUA concluíram que a Síria “provavelmente” usou armas químicas, o que embasou a decisão de Washington de aprovar o envio de armas para os rebeldes.

Na Europa, no Reino Unido e França fizeram um apelo para que a equipe de investigadores da ONU possa entrar na região para investigar o caso. Pelo menos 35 países já manifestaram apoio a uma investigação, mas segundo diplomatas, Rússia e China, como de costume, se opuseram a qualquer linguagem explícita sobre investigações formais.

Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/mundo/diplomacia-est%C3%A1-deslegitimada-1.700957

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