Torturas da CIA foram mais brutais do que o admitido, diz Senado dos EUA

Relatório divulgado pelo Senado diz que torturas não deram resultado.
Diretor da CIA diz que interrogatórios violentos evitaram ataques


As torturas e os métodos de interrogatório utilizados pela CIA contra suspeitos de terrorismo praticados após os atentados de 2001 foram muito mais brutais do que a agência admitiu até agora e não apresentaram resultados para conter ameaças, afirma um relatório do Senado americano divulgado nesta terça-feira (9).
O documento de 525 páginas, que inclui parágrafos inteiro cobertos por tinta preta para proteger informações confidenciais, diz que a CIA (Agência Central de Inteligência) impediu o Congresso e a Casa Branca a terem acesso às informações sobre o ocorrido. O relatório contém duras revelações sobre o programa secreto colocado em andamento pelo governo do presidente George W. Bush (2001-2009) para interrogar as pessoas consideradas suspeitas de vínculos com a Al-Qaeda e com outras organizações terroristas.
A CIA recorreu a ameaças sexuais, simulação de afogamento, ameaça de falsas execuções e outros métodos brutais para interrogar suspeitos. As técnicas empregadas para forçar os detidos a divulgar informações sobre tramas e células terroristas excediam e muito as técnicas autorizadas pela Casa Branca, pela CIA e pelos advogados do Departamento de Justiça do então presidente Bush, segundo o documento.

Os brutais métodos de interrogatório "não foram uma maneira eficiente de obter informações precisas ou a cooperação dos detentos", assinala o texto, que, no entanto, destaca que a CIA sempre insistiu na eficácia do sistema.

A avaliação do Senado também denuncia que a CIA "não realizou uma contagem profunda e precisa do número de pessoas que prendeu, e do número de detentos que não reuniam o mínimo de condições de serem detidos". (Leia abaixo os principais pontos do relatório)

Não ficou claro se a análise irá levar a novas tentativas de responsabilizar os envolvidos. O prazo legal para contestar muitas das ações prescreveu.

A chefe do Comitê de Inteligência do Senado, Dianne Feinstein, fala a jornalista ao chegar ao Senado americano nesta terça-feira (9) (Foto: REUTERS/Yuri Gripas)
A chefe do Comitê de Inteligência do Senado,
Dianne Feinstein, fala a jornalista ao chegar ao S
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Foto: REUTERS/Yuri Gripas)
Reações
Em uma primeira reação ao documento, o presidente Barack Obama afirmou que as torturas praticadas pela CIA contra suspeitos de terrorismo são contrárias aos valores dos americanos.

"Por isso eu de maneira inequívoca proibi a tortura quando assumi o governo, porque uma de nossas mais eficientes ferramentas para combater o terrorismo e manter a segurança dos americanos é ser fiel aos nossos ideais", afirmou Obama. "É por isso que continuarei a usar minha autoridade como presidente para fazer como que nunca mais recorramos a estes métodos", disse. "Em vez de outra razão para retomar antigas discussões, espero que o relatório de hoje possa nos ajudar a deixar estas técnicas em seu lugar, no passado”, acrescentou. A chefe do Comitê de Inteligência do Senado, Dianne Feinstein, disse que as práticas de interrogatório usadas após os atentados do 11 de setembro são um registro “uma mancha em nossos valores e na nossa história”.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/torturas-da-cia-foram-mais-brutais-do-que-o-admitido-diz-senado-dos-eua.html

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