População islâmica não vê necessidade do uso da burca

Na Arábia Saudita, o mais rígido dos países muçulmanos, somente 11% defendem a vestimenta


A Arábia Saudita é considerada o país islâmico em que as mulheres têm menos liberdade. Elas não podem dirigir, não podem concorrer a cargos públicos, não podem ir ao médico desacompanhadas. Porém, uma pesquisa do Population Studies Center da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, aponta que, apesar da falta de liberdade imposta às mulheres pelo governo, a população não acredita que o uso da burca – vestimenta que cobre a mulher completamente – é necessária Mais de 60% dos sauditas acreditam que as mulheres devam manter tudo, exceto os olhos cobertos. Ao mesmo tempo, mais da metade da população pensa que elas deveriam se vestir da forma que quisessem. “As posturas dentro do islã são muito variadas, mas na Arábia Saudita a coisa é normativa, então mesmo quem não concorda acaba usando (a burca)”, conta o professor de Ciências da Religião da PUC Minas, Carlos de Souza.

O resultado do estudo também chamou atenção pelo fato de que em nenhum dos países pesquisados houve uma maioria que defende o uso obrigatório da burca.
A pesquisa ainda revelou que no Egito – país em que é permitido o uso de variadas formas de cobertura – somente 14% avaliam que as mulheres devam ter permissão para decidir como vão se vestir. O percentual coloca o país africano entre o mais conservador entre as nações estudadas.
Para Mansoor Moaddel, um dos autores do estudo, no entanto, religião não está por trás da estatística. “Os egípcios ficaram mais machistas na última década. Eles estão menos religiosos, apoiam menos a lei islâmica, mas na questão do gênero, eles se tornaram mais conservadores”, disse à rede CNN.
Liberais. No Líbano e na Turquia uma porcentagem expressiva da população (42% e 39%, respectivamente) acredita que não é necessário o uso de nenhum tipo de véu, que a vestimenta adequada para as mulheres é o cabelo solto.
O resultado é condizente com a atual situação na Turquia, onde o secularismo levou o governo a banir o uso de véus nas universidades. Servidoras públicas também são proibidas de cobrir a cabeça.
Os dados relativos ao Líbano, por outro lado, causaram polêmica na comunidade internacional, uma vez que cerca da metade dos entrevistados da pesquisa no país se identifica como cristãos.
A pesquisa foi feita entre 2011 e 2013 com 2.005 pessoas na Arábia Saudita e 3.000 pessoas nos outros seis países estudados.
Conservador
Opinião. Para Mansoor Moaddel, um dos autores do estudo, a Arábia Saudita não é “tão conservadora quanto aparenta ser”, disse Mansoor Moaddel, um dos autores do estudo norte-americano à rede CNN.
Fonte: www.otempo.com.br

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