Crise desperta consciência momentânea no consumidor

Pesquisa do Ibope aponta que cerca de metade da população está pessimista com o futuro

CONSCIENTE-A
QUEILA ARIADNE
Três a cada quatro brasileiros não têm nem ideia do índice de inflação e também não sabem qual é a taxa de emprego. Mas mesmo sem conhecer os números, sentem na pele e no bolso os efeitos deles. Segundo pesquisa do Ibope, cerca de metade da população (48%) está pessimista em relação ao futuro. Com aumentos de água, luz e alimentação e o medo de perder o emprego, cortar gastos já virou rotina. É a crise obrigando o consumidor a se tornar mais consciente. Entretanto, economistas avisam que trata-se de um discernimento temporário. 

“Não é bem uma consciência. É medo de as coisas piorarem e necessidade de economizar, pois o orçamento das famílias ficou mais apertado”, destaca o professor de economia da Fumec Alexandre Pires.
Aquela roupinha nova todo mês já não pertence mais à servidora pública Solange Silva, 44. E essa foi uma das lições que a crise trouxe. “Água e luz a gente tem que pagar, porque são contas que chegam. Já roupas e sapatos são uma escolha. Há três meses não compro nada novo e estou evitando lanchar fora. Esse aprendizado vai ficar”, diz Solange.
Na avaliação da professora de economia da faculdade IBS da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Nora Raquel Zygielszyper, apesar do aprendizado, a crise não mudará o perfil do consumidor. “A cultura brasileira é mais consumista, e essa característica não vai mudar. O brasileiro está assustado, vendo pessoas perderem o emprego e a inflação comer seus salários. Mas ele é otimista e, quando essa situação passar, voltará a comprar”, destaca Nora.
O coordenador do curso de psicologia da Fumec, Wilson Leite, explica que o desenvolvimento de mais consciência para o consumo depende da forma como cada um vai encarar o momento de restrição. “Mudar é algo complexo, que envolve medo de dar um passo rumo ao desconhecido. O lado positivo é que a crise vai forçar o indivíduo a viver uma situação nova, de gestão de riscos: risco de ser demitido ou ganhar menos. E isso pode fazê-lo enxergar que é possível, por exemplo, perder o emprego e inventar outra forma de ganhar a vida”, analisa o psicólogo.
Por outro lado, a crise pode gerar um sentimento de negação, que levará ao descontrole. “A pessoa pode perder o emprego e não aceitar mudar seu comportamento, o que pode gerar mais dívidas. Vai depender de cada um”, ressalta Leite.
Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/economia/crise-desperta-consci%C3%AAncia-moment%C3%A2nea-no-consumidor-1.1051086

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