A comunhão com a essência da vida está ao alcance de todos

Por três vezes nesta vida o destino conduziu-me às terras conhecidas como Portugal e por uma vez às ilhas, na época portuguesas, na África. Fui a tais lugares sob diferentes pretextos, e somente muito depois vim a compreender o verdadeiro sentido de ter sido levado até eles.


As caminhadas por Lisboa, ou pelas ladeiras das ilhas, constituíam, na verdade, uma ocasião muito especial. O caminhar em silêncio equilibrava a energia dos meus sentimentos e emoções e parecia despir-me do supérfluo, em termos de forças atávicas.

Certa vez, encontrando-me sobre um promontório, parecia estar de pé em uma pira ardente. A consciência humana, representada pelo cérebro físico, compartilhava daqueles sagrados momentos de purificação, embora sem compreender a extensão do que acontecia.


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Hoje posso definir tais contatos como a comunhão com a essência da Vida nos reinos e nos elementos da Natureza. Eram momentos em que uma Presença pulsava na terra sob meus pés, como se o coração dessa Vida pudesse ser percebido nos grãos minerais que formavam aquele solo; o vento suave passava como se atravessasse meu corpo, preenchendo-o com sua leveza; os arbustos e as pequenas flores nos campos e jardins das cidades reluziam ao sol, revestidos de um dourado que normalmente desconhecemos; os aromas que se faziam sentir testemunhavam a presença de uma energia espiritual que vive nos planos internos e que em sua pura essência transforma os éteres da superfície da Terra.



Vivenciava essas experiências não apenas como observador, mas unido ao pulsar da Vida que rege os universos. Experimentava, assim, um sentimento de profunda gratidão.



A partir desses momentos começou a emergir em mim um estado de oração espontâneo, sem palavras, que me dava o ensejo de assumir a vida de serviço, não pela oportunidade que este traria de aproximar-me dos mundos de pura luz e paz, mas pela premente necessidade planetária. Isso me fazia aderir à consciência orante, silenciosa, como um pincel nas mãos de um pintor, um instrumento que se move sob a ação de uma vontade superior e que não escolhe o traçado nem as cores que devem aparecer na tela.



Existe um mistério na disposição interna da pessoa para sua entrega absoluta às energias superiores. Os segredos da existência em níveis profundos lhe são revelados apenas quando ela tem condições de seguir a Lei espiritual; e tais segredos estão sintetizados na seguinte asserção: estar no mundo sem ser do mundo. Deixando-se pertencer ao mundo, a pessoa perde sua impassibilidade, que é o caminho para o Imutável, para Deus.



Uma potente energia positiva está hoje mais atuante que no passado, embora muitas vezes não seja notada. Só revela a sua face para aqueles que não ambicionam vê-la. Quando está presente, os ares se movem e acende-se no interior das pessoas uma chama, cuja vibração torna-se um poderoso convite para prosseguirem no Caminho. Entretanto, a grande maioria da humanidade continua adormecida, prisioneira de interesses pessoais, pensando apenas em usufruir os bens que a vida planetária ainda possa oferecer. Mas, independentemente da inércia que existe no campo material, o prosseguimento da vida na Terra já é, por si só, prova inquestionável da presença de uma Lei Maior.



O que ao homem foi anunciado, inevitavelmente será cumprido; a vida em comunhão com esferas sagradas de consciência está ao alcance dos que a buscam.


Para conhecer as obras do autor, acesse o site www.irdin.org.br ou o site www.comunidadefigueira.org.br.
Fonte: http://www.otempo.com.br/opini%C3%A3o/trigueirinho/a-comunh%C3%A3o-com-a-ess%C3%AAncia-da-vida-est%C3%A1-ao-alcance-de-todos-1.1048067

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