Geração bem mais consciente

É preciso enxergar a água como um bem econômico e que tem disponibilidade limitada


Dia Mundial da Agua
Bem precioso. Escola Municipal Adauto Lúcio, no bairro Céu Azul, tem projeto de conscientização relacionado à água e meio ambiente; alunos usam regador na horta
Vista por gerações como uma dádiva inesgotável da natureza, a água começa a ser entendida, principalmente pelos jovens brasileiros, como um bem a ser cuidado. “É preciso enxergar a água como um bem econômico, essencial à vida e com uma disponibilidade limitada”, diz o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e coordenador do Projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano. Esta consciência, segundo o coordenador, precisa ultrapassar as questões domésticas.
“A disponibilidade da água depende de um ciclo da natureza que envolve a penetração no solo, a manutenção das cargas de recarga, das matas ciliares. Não basta ensinar a fechar a torneira, e tratar apenas a ponta”, explica Polignano. “Precisamos ser mais prudentes, entender a água como um bem mais precioso”, avalia o diretor de hidrologia e gestão territorial do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Thales Queiroz Sampaio.
O investimento na educação ambiental está presente nas escolas de ensino fundamental, segundo Andréa Vica, professora de literatura e sócia da Casa Viva Educação e Cultura, escola de educação infantil ao ensino médio. “Independente da concepção, da linha pedagógica da escola, o tema está sendo tratado”, diz Andréa.
O dever de casa também está sendo feito pela Escola Municipal Adauto Lúcio, no bairro Céu Azul, na região da Pampulha. Desde 2006, a escola participa do Projeto SOS Capão, já que ela está às margens do córrego. “A gente trabalha a questão do meio ambiente dentro das propostas curriculares. Fazemos visitas ao córrego, mostramos a importância de não jogar lixo ou esgoto na água. Moradores antigos contam que neste córrego já foi possível nadar e pescar”, explica a professora de história Roseli Corrêa, que coordena os projetos ambientais.
A semente já começa a dar bons frutos. Jovens como Mateus Oliveira, 14, parecem entender o ciclo da água. “Temos que cuidar da mata ciliar, cuidar do solo, deixando mais mata para o solo não secar”, diz Mateus. “Os adultos jogam muito lixo no rio. Temos que cuidar da água como um patrimônio”, alerta Moisés Soares Brum, 9.
Um dos papéis dos mais jovens é cobrar da atual geração ações que vão impactar no futuro. “As gerações mais novas convivem com uma realidade mais restritiva e, por isso, nos cobram. Isso é pedagógico. Estas gerações querem atitudes e comportamentos imediatos por compromisso com eles. É uma geração mais reivindicativa”, afirma Polignano. Andréa Vica vê esta realidade acontecendo em sua escola. “Os alunos sabem que ou se age imediatamente ou não será possível se livrar dos efeitos (da falta de água) no futuro”.
A professora adverte, porém, que o discurso precisa avançar para a prática. “Nas crianças, o discurso está internalizado, mas ainda precisamos confrontar o discurso, todo tempo, com a prática”, avalia Andréa.
Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/economia/gera%C3%A7%C3%A3o-bem-mais-consciente-1.1012974

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