Doctor Who - Mergulho nos bastidores do fenômeno

Livro oferece ferramentas para entender o universo da produção em massa de seriados da atualidade


C-G
DANIEL OLIVEIRA

Além das fichas dos cem programas escolhidos, o “Guia das Séries: Tudo que Você Queria Saber sobre as Mais Importantes dos Últimos Anos” traz ainda várias páginas especiais com curiosidades para os fanáticos pelo meio. Vana Medeiros e Priscila Harumi criaram um glossário com os termos básicos para quem quiser entrar no universo – de spoiler a midseason, spin-off e prime-time –, explicam como são votadas as principais premiações, como o Emmy e o Globo de Ouro listam os principais criadores de séries dos últimos tempos e as falas antológicas, entre outras triviais.
Para os fãs de comédia, uma das mais interessantes é a página que descreve como é gravada um sitcom. A apuração foi resultado de uma viagem que Harumi fez a Los Angeles. Lá, ela fez alguns tours pelos principais estúdios produtores de seriados – como Warner, Paramount, Disney e Fox – e teve a chance de acompanhar como funciona a “máquina de sonhos”.
“É incrível como o mesmo lugar pode ser usado para várias séries. A cidade de ‘Gilmore Girls’ é a mesma de ‘Pretty Little Liars’ e ‘Hart of Dixie’. Eles conseguem reciclar isso e fazer parecer lugares completamente diferentes”, ela descreve. Ao mesmo tempo, um espaço minúsculo de 3x3m pode se tornar o Central Park, e galpões enormes guardam milhares de figurinos e objetos de cada programa.
“É tudo muito organizado, estruturado e rápido. É uma indústria multimilionária mesmo”, considera. Para ela e Medeiros, é essa infraestrutura monstruosa que possibilita os resultados surpreendentes conferidos nos últimos anos.
“Os EUA produzem uma média de 40 a 50 pilotos por ano”, conta Medeiros. Ela acredita que, quando você tem uma quantidade dessas, a probabilidade de dois ou três serem geniais é muito maior. “É isso que explica a qualidade da produção norte-americana, e não o fato de que eles têm um DNA especial ou são roteiristas superiores”, avalia.
É por isso que, dos cem seriados catalogados no “Guia”, 98 foram produzidos nos EUA – e os outros dois, “Doctor Who” e “Downton Abbey”, na Inglaterra. “Existem outras boas séries britânicas, mas o livro é focado no mercado brasileiro, e só recentemente esses programas começaram a chegar aqui”, justifica Medeiros.
E é também essa “qualidade pela quantidade” que explica por que o livro não conta com nenhum seriado brasileiro. O boom recente da produção do gênero no país têm seguido o caminho do “acerto pelo erro” que consagrou a indústria hollywoodiana. Mas, para as autoras, ainda não produziu uma série tenha marcado a história da TV.
“Não incluímos porque o Brasil ainda se encontra numa fase muito prematura de desenvolvimento dessa mídia”, pontifica Medeiros. Ela diz, no entanto, acreditar e esperar que daqui a 15 anos o país tenha material para fazer um guia só de séries nacionais. “Mas primeiro tem que ter a arte para, depois, vir a crítica sobre a arte. Sou contra incluir só para dizer que tem algo brasileiro”, afirma.
Fonte: http://www.otempo.com.br/divers%C3%A3o/magazine/mergulho-nos-bastidores-do-fen%C3%B4meno-1.1026861


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