Mães são reféns de publicidade infantil que ‘seduz’ seus filhos

Grupos de pais se unem para pedir regulação da propaganda em lei


CONSUMO INFANTIL
Mamãe, eu quero. Mariana Lansky vive dilema entre agradar filhos Júlio Victor, 5, e Laís, 3, e protegê-los da influência de comerciais
Quando os pequenos Júlio Victor, 5, e Laís, 3, vão a uma loja de brinquedos, a preferência é sempre pelo que aparece na propaganda da televisão. No lanche, a escolha é pelos que oferecem brinquedos como brinde. A mãe, Mariana Lansky, vive o dilema comum a quase todos os pais: encontrar o equilíbrio entre agradar os filhos e limitar a influência da propaganda na vida dos pequenos.
“A gente não sabe o que fazer. É um bombardeio de anúncios”, afirma. Foi essa mesma dificuldade, vivida há cerca de três anos, quando o filho Ernesto, hoje com 5 anos, começou a assistir televisão, que levou Vanessa Anacleto a se juntar a outros mães e pais e criar o grupo “Movimento Infância Livre de Consumismo”, que na semana passada atingiu 50 mil seguidores no Facebook. O objetivo é exigir que as empresas melhorarem a qualidade das propagandas dirigidas a crianças e adolescentes e, principalmente, pressionar o Congresso Nacional para que regulamente o tema. “Tem que haver uma lei que diz o que pode e o que não pode”, explica.
Vanessa conta que quando o filho assiste a DVDs em vez de programas de televisão, a lista de pedidos diminui porque ele fica longe das propagandas.
A lei que o grupo de pais espera é o projeto 5.921, que tramita há 12 anos no Congresso Nacional e que vai regular a propaganda direcionada diretamente para a criança. A diretora de Defesa e Futuro do Instituto Alana, organização que discute a publicidade para crianças, Isabela Henriques, explica que a ideia é que os anúncios não usem linguagem infantil, como desenhos animados, e não sejam veiculados em canais infantis ou em intervalos de programas voltados para crianças. “Eles teriam que encontrar um outro meio de financiamento”, afirma.
Ela explica que a limitação das propagandas não significa colocar a criança “numa bolha” porque as mensagens publicitárias continuarão disponíveis nas ruas, nas lojas e mesmo na televisão, mas de maneira mais criteriosa. “Ela vai receber a publicidade quando vir mensagens publicitárias, mas quando estiver junto com os pais”, diz.
Abusiva. O Alana entende que toda propaganda direcionada a crianças é abusiva porque elas não têm capacidade para entender os anúncios. “Até os 12 anos, elas não têm condições de receber uma mensagem publicitária e responder a ela. Até os 8 anos, a criança nem sequer consegue entender que aquilo é uma propaganda”, diz.
Fonte: http://www.otempo.com.br/m%C3%A3es-s%C3%A3o-ref%C3%A9ns-de-publicidade-infantil-que-seduz-seus-filhos-1.702792


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