Queijo artesanal encontra caminho para fora de Minas

Três entrepostos vão maturar o produto, que poderá deixar o Estado


Gostinho mineiro. Produção artesanal da fazenda Agroserra, na serra da Canastra, é vendida no Mercado Central de Belo Horizonte
Três entrepostos vão maturar o produto, que poderá deixar o Estado
JANINE HORTA
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2008, tal a sua importância cultural, histórica e econômica, o queijo minas artesanal ainda não é, em sua maioria, vendido para fora de Minas Gerais. Até dentro dos estabelecimentos comerciais em Minas Gerais é difícil encontrar o queijo artesanal. Isso porque a legislação federal prevê que o tempo de maturação do queijo feito com leite cru (não-pasteurizado) deve ser de 60 dias, mas o modo de fazer o queijo em Minas Gerais envolve maturação entre 14 ou 21 dias, o que impede que o produtor consiga autorização para vender.

Essa realidade deve mudar a partir deste ano. Os produtores rurais, com o apoio de órgãos estaduais, estão negociando com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para que este adote as mesmas regras da lei nº 20.549, aprovada em dezembro do ano passado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

"As negociações estão avançadas", fala o diretor-geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Altino Rodrigues Neto.

A nova lei flexibiliza as regras para a venda do queijo, fazendo com que os produtores possam se adequar às normas sanitárias sem terem que interromper a produção, além de aceitar o tempo de maturação de acordo com a tradição mineira. A lei ainda está sendo discutida dentro do IMA, que, nos próximos meses, deverá regulamentá-la.

Entrepostos. Enquanto isso, convênio entre a Emater e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) está promovendo a construção de centros de maturação do queijo artesanal nos municípios de Serro, Medeiros e Rio Paranaíba, que serão gerenciados pelas cooperativas de produtores de queijo das regiões do Serro, Canastra e Serra do Salitre, respectivamente.

Cada centro terá capacidade para receber aproximadamente 4,5 toneladas a cada período de maturação, que varia entre 14 dias (Serro) e 21 dias (Canastra e Serra do Salitre). Os centros vão receber a produção de queijarias cadastradas no IMA e poderão ser vendidos, inclusive, para fora do Estado. "Os entrepostos não serão suficientes para receberem a produção de todo o Estado, mas já é um começo", diz o diretor do IMA.

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