Mais de 2.000 fogem da Síria em apenas dois dias, diz ONU

Chefe de ajuda humanitária da organização visitará o país

 

Fuga. Refugiada e os filhos saíram de cidade próxima a Homs e cruzaram a fronteira da Síria com o Líbano
Chefe de ajuda humanitária da organização visitará o país
Damasco, Síria. Mais de 2.000 refugiados sírios atravessaram a fronteira com o Líbano, carregando em sacolas plásticas os seus poucos pertences, enquanto fugiam da repressão do governo, que caça seus opositores pela Síria, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
Repórteres da Associated Press, que foram ao vilarejo libanês de Qaa, viram várias famílias com crianças que fugiram da Síria apenas com poucos pertences.
"Nós fugimos dos bombardeios e dos ataques", disse Hassana Abu Firas, que fugiu para o Líbano. Ela veio com duas famílias que fugiram dos ataques do governo contra a cidade de al-Qusair, a apenas 22 km do outro lado da fronteira. A cidade, na província de Homs, é um dos centros da oposição e está sob pressão das tropas do governo há mais de um mês. A província de Homs fica na fronteira com o Líbano. "O que nós poderíamos fazer? As pessoas estão nas suas casas e os soldados atiram nelas com tanques. Quem pode foge. Quem não pode morre em casa", ela disse.

Homs, capital da província e terceira maior cidade da Síria, com 1 milhão de habitantes, emergiu como o palco central da rebelião contra Bashar al-Assad. Ativistas afirmam que centenas de pessoas já foram mortas apenas na cidade no último mês.
A Cruz Vermelha disse ontem que obteve permissão do governo sírio para entrar no bairro de Baba Amr, o mais atingido pelos combates e pelas tropas do governo. O bairro foi controlado por desertores e insurgentes durante meses, até que, na quinta-feira passada, foi reconquistado pelas tropas de Assad.
O regime proibiu a entrada de trabalhadores humanitários no bairro desde a quinta-feira. Ativistas denunciam que após a retomada do bairro, os soldados executaram dezenas de moradores e queimaram algumas casas em vingança contra a revolta. O governo sírio afirma que proibiu a entrada de trabalhadores humanitários por motivos de segurança.
ONU. Após repetidas recusas, a Síria aceitou receber a chefe de Ajuda Humanitária da ONU enquanto expande sua ofensiva pelo país. Valerie Amos anunciou que deverá visitar o país de amanhã a sexta-feira. No sábado, será a vez de Kofi Annan, o ex-secretário geral da ONU que irá ao país como representante da Liga Árabe. As visitas acontecem num momento em que aumenta o fluxo de refugiados sírios que fogem para o Líbano.
"Meu objetivo é pedir a todas as partes que permitam que os trabalhadores de assistência humanitária tenham acesso ilimitado para que possam retirar os feridos e entregar suprimentos", disse Valerie num comunicado.
Apesar da permissão de entrada no país, não está claro se a chefe de ajuda humanitária terá o acesso que deseja. Segundo a mídia síria, ela se encontrará com o ministro de Relações Exteriores do país e com o diretor do Crescente Vermelho sírio.
Já Annan, enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, viajará para Damasco no próximo dia 10.
Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/mundo/mais-de-2-000-fogem-da-s%C3%ADria-em-apenas-dois-dias-diz-onu-1.259911

 

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