Técnica devolve a esperança aos pacientes com baixa visão

Descolamento de retina afeta uma em cada mil pessoas, segundo estimativas


Inovação. Professor titular de oftalmologia da UFMG Márcio Nehemy criou uma nova técnica de cirurgia que foi premiada na Itália
Descolamento de retina afeta uma em cada mil pessoas, segundo estimativas
Pacientes que passaram por cirurgia sem sucesso para reverter o descolamento de retina - enfermidade que acomete o fundo do olho - e que estavam sem esperança de voltar a enxergar têm agora motivos para buscar uma nova chance. Variações inovadoras do uso do instrumental que já existia rendeu a Márcio Nehemy, professor titular do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o primeiro lugar no prêmio entregue durante a cerimônia de abertura do Euretina 2012, congresso europeu da área, em Milão, na Itália. A técnica especial de vitrectomia, nome pelo qual o procedimento foi batizado, concorreu com dezenas de outras técnicas desenvolvidas no mundo todo.


Cerca de uma em cada mil pessoas é acometida pelo descolamento de retina. Para essas pessoas, o único tratamento é a cirurgia, seja a vitrectomia convencional ou a técnica conhecida como introflexão escleral, pela qual são implantados pequenos segmentos de silicone em volta dos olhos. 



Porém, para 5% dos pacientes, esses procedimentos não resolviam o problema e eles estavam condenados a não enxergar mais. "Conseguiremos recuperar mais um contingente de pacientes e tirá-los da baixa de visão", garante Nehemy, que já realizou a operação oficialmente em 20 pessoas.



Além da recuperação, que, em alguns de casos, pode chegar a 80% da visão, a nova cirurgia é minimamente invasiva, pois requer apenas três incisões de 0,5 mm para permitir o alcance dos instrumentos na parte interna do olho. 

Cirurgia. A primeira cirurgia foi realizada há pouco mais de um ano, depois que o professor e outros dois assistentes passaram alguns meses realizando as modificações da técnica vigente. 


"A cirurgia foi evoluindo aos poucos. Já vínhamos enfrentando essa situação sem uma boa solução. Em alguns meses, chegamos à conclusão e vimos que funcionava bem, mas a ideia foi idealizada em uma semana", conta Nehemy que teve que aguardar a chegada de pacientes com essas características para colocar a ideia em prática. 



"Como nos três primeiros casos que apareceram o resultado foi muito bom, estendemos para outros pacientes. Conseguimos mostrar que é possível recuperar a visão em uma situação que era considerada sem solução", explica.



Como essa é uma cirurgia que não exige internação, a preparação do paciente começa com uma anestesia local. A cirurgia, que deve ser feita no centro cirúrgico especializado, é considerada relativamente rápida pelo médico, pois leva cerca de uma hora.

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