Semp Toshiba volta ao prumo, com cortes, novas marcas e foco

Affonso Hennel deixa aposentadoria para reerguer empresa do pai



São Paulo. Há cinco meses, Affonso Brandão Hennel, 84, deixou sua aposentadoria para tentar recolocar no rumo a Semp Toshiba, empresa fundada por seu pai em 1941 e que vinha acumulando anos sucessivos de prejuízos. Nesse período, fez um forte ajuste na empresa, com redução de custos, de pessoal e mesmo de marcas, e mudou a gestão, com a volta de executivos que já haviam trabalhado com ele.
O resultado, diz, começa a aparecer: segundo Hennel, a companhia volta ao ponto de equilíbrio neste mês e deixa para trás os resultados mensais negativos. “Estamos numa rota ascendente”, afirmou o executivo, na primeira entrevista após interromper a aposentadoria, iniciada em 1998.
Ele pondera que será necessário mais tempo para absorver os prejuízos anuais. Em 2011 e 2012, a empresa acumulou resultado negativo de quase R$ 130 milhões, reflexo da perda de mercado e da queda no faturamento. Os eletrônicos da marca desapareceram das lojas, fluxo que ainda não foi restabelecido, segundo fontes do varejo. No ano passado, a receita da empresa foi de R$ 1,5 bilhão, ante R$ 1,6 bilhão em 2011. Nos bons tempos, chegou a faturar mais de R$ 2 bilhões.
Apesar das indicações de que os negócios não caminhavam bem, tanto no segmento de áudio e vídeo como no de informática, o mercado foi surpreendido no início de maio, quando Hennel passou a acumular a presidência do conselho e a executiva, no lugar do filho, Afonso Antônio Hennel, que deixou a empresa.
Hoje, Afonso tem projetos no segmento de eletrodomésticos da linha branca. As mudanças implementadas por Hennel envolvem corte de linhas de produtos, de marcas, de pessoal e de estoques. O objetivo é manter a solvência da companhia, sem a necessidade de recorrer a bancos. A arrumação da casa também incluiu a renegociação de contratos e a oportunidade para liquidar pendências. Com o recuo do câmbio nos últimos meses, por exemplo, ele liquidou parte do débito de US$ 512 milhões com financiamento de importações de componentes. “No momento, a dívida está em US$ 230 milhões e tenho saldo para pagar isso tranquilamente.”
O enxugamento geral em curso na empresa tem como objetivo trazê-la para o foco. A intenção é centrar fogo nos produtos rentáveis. “Na informática, vamos nos concentrar em tablets e laptops, que dão lucro”, disse o empresário. Nas TVs, onde está o DNA da empresa, o objetivo é a TV fininha, LCD.

Flash

Cortes. Junto com a redução de linhas de produtos e de marca, houve um corte de pessoal. “Dispensei não menos de oito diretores aqui nesses cinco meses”, contou Brandão Hennel. A empresa encerrou o ano passado com 2.538 funcionários. Agora, são 2.038.
E, por enquanto, os aumentos de salário por mérito estão congelados. Para ajudá-lo na nova administração, o presidente trouxe de volta antigos diretores para trabalhar em áreas-chave. Mesmo sem ter completado seis meses de volta, ele já planeja se retirar de novo em 2014.
 Reaproximação com japoneses cria nicho de itens sofisticados


São Paulo. A arma da Semp Toshiba para competir com as coreanas Samsung e LG, que se alternam na liderança do mercado de TVs, será usar a marca e a tecnologia da parceira Toshiba, que não estava sendo aproveitada. Desde 1977, a empresa tem uma joint venture com a Toshiba do Japão. Nos últimos tempos, a marca Toshiba perdeu importância e a parceria se enfraqueceu.



Quando assumiu a empresa, Brandão Hennel se reaproximou dos japoneses. Sob a nova administração, a marca Toshiba será voltada para produtos de nicho, mais sofisticados. Já a marca Semp, que havia sido desativada, vai chancelar os itens populares de todas as linhas. A empresa já está fabricando tablets com a marca Semp.
E a STI, marca criada inicialmente para os computadores, mas que foi estendida para outras linhas, sairá de cena.

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