Psicólogos propõem uma nova forma de abordar a ginástica

Apesar de saberem da necessidade, pessoas não praticam exercícios


Argumentos. Para especialistas, a atividade física deve ser retratada como uma forma de se adquirir bem-estar e felicidade
Apesar de saberem da necessidade, pessoas não praticam exercícios
JANE E. BRODY
Nova York, EUA. Durante décadas, as pessoas têm sido bombardeadas por mensagens dizendo que exercícios físicos regulares são necessários para a perda de peso e para promover um envelhecimento sadio. Apesar de afirmarem que dão valor a essas metas, uma grande parte das pessoas falhou, até o momento, na tentativa de engolir a "pílula do exercício" - mesmo com os crescentes índices de obesidade registrados no mundo. 

Pesquisas realizadas por psicólogos sugerem que chegou a hora de parar de pensar na saúde no futuro, em perda de peso e na autoimagem como fatores motivadores. Em vez disso, eles recomendam uma estratégia que os profissionais de marketing utilizam na venda de produtos: retratar a atividade física como uma forma de adquirir bem-estar e felicidade no presente. 

"Precisamos fazer com que os exercícios sejam relevantes na vida cotidiana das pessoas. A agenda de todo mundo está lotada de atividades que não podem parar. Nós só conseguimos encaixar o que é essencial", afirma Michelle L. Segar, pesquisadora do Instituto de Pesquisa sobre Mulher e Gênero na Universidade de Michigan. 

Segar está entre os que acreditam que as pessoas não irão se comprometer com os exercícios se os virem como um benefício distante ou teórico. Baseada em estudos sobre o que motiva as pessoas a adotarem e manterem uma atividade física, a cientista está impulsionando os especialistas a pararem de rotular o exercício moderado como uma prescrição médica que requer 150 minutos de esforço por semana. 

Ao contrário, os profissionais da área da saúde precisam começar a mirar o "apelo emocional que torna essencial para as pessoas encaixar uma atividade em suas vidas agitadas". 

"Recompensas imediatas são mais motivadoras do que as distantes. Sentir-se feliz e menos estressado é mais motivador do que não ter, talvez, no futuro, uma doença do coração ou um câncer", ela defende. 

Muitas pessoas, se não a maioria, começam a se exercitar porque querem perder peso. Mas, muito frequentemente, elas abandonam o exercício quando os quilos indesejados não vão embora. Diversos estudos demonstraram que, sem grandes mudanças nos hábitos alimentares, aumentar a atividade física é só parcialmente eficiente para a perda de peso. Assim, é necessário tirar o foco desse benefício.

Segar finaliza: "A atividade física é um elixir da vida, mas nós não estamos ensinando isso às pessoas. Nós estamos dizendo a elas que é uma pílula ou um castigo pelos maus números nos exames. Sustentar e manter uma atividade física é uma questão motivacional e emocional, e não médica". 

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