Europeus colonizaram a América antes de indígenas, diz livro

Artefatos em estilo europeu vistos nos EUA remontam há mais de 19 mil anos


Autores. Os arqueólogos norte-americanos Bruce Bradley (à esq.) e Dennis Stanford, diante dos artefatos achados
Artefatos em estilo europeu vistos nos EUA remontam há mais de 19 mil anos

Nova York, EUA. Um livro escrito por dois arqueólogos norte-americanos gerou controvérsia na comunidade científica ao defender que os europeus, e não povos provenientes da Ásia, foram os primeiros colonizadores do continente americano. Intitulada "Across Atlantic Ice: The Origin of America’s Clovis Culture" (Pelo Gelo do Atlântico: a Origem da Cultura Clóvis da América, em tradução livre) a obra aponta novas descobertas arqueológicas, indicando que a América foi colonizada inicialmente por europeus da Idade da Pedra, que cruzaram o Atlântico de barco durante a última Era Glacial, há cerca de 20 mil anos.

No livro, Dennis Stanford, do Museu Nacional Smithsonian de História Natural, em Washington, e Bruce Bradley, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, traçam as origens dos solutrenses, que ocuparam o norte da Espanha e França, e de seus supostos descendentes da cultura clóvis - surgida no final da Era do Gelo e assim batizada por conta dos artefatos encontrados perto da cidade de Clóvis, no Novo México (EUA). O povo da cultura clóvis é considerado o mais antigo habitante das Américas, com 13 mil anos.

Ferramentas. Há vários anos Stanford e Bradley têm afirmado que os seres humanos da Idade da Pedra eram capazes de fazer a viagem através do gelo do Atlântico. Mas ainda não contavam com provas suficientes que apoiassem tais indícios. Agora, no entanto, eles dizem ter indícios que sustentam a teoria. Dezenas de ferramentas de pedra em estilo europeu, que remontam a um período entre 19 mil e 26 mil anos atrás, foram descobertas em seis locais diferentes ao longo da costa leste dos Estados Unidos. 

De acordo com a dupla, a completa ausência de qualquer atividade humana no nordeste da Sibéria e no Alasca, num período anterior a 15,5 mil anos atrás, é outro argumento fundamental para a teoria deles. Também defendem que os europeus podem ter sido parcialmente absorvidos ou destruídos pelos índios asiáticos originários.

Além disso, alguns marcadores genéticos para a Idade da Pedra dos europeus ocidentais simplesmente não existem no nordeste da Ásia, mas já aparecem em pequenas quantidades entre alguns indígenas norte-americanos, o que indicaria uma herança genética desses primeiros habitantes. Também alguns exames de DNA antigo extraído de esqueletos com 8.000 anos na Flórida revelaram um alto nível de um marcador genético europeu.

No Sul
Brasil. Dando continuidade à pesquisa, em meados deste ano, Bruce Bradley estará em São Paulo e, possivelmente, no Uruguai, para estudar indícios de povos primitivos ao longo do lado oriental do continente.
 

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