Economia define profissões

Estudante deve estar atento ao modismo na hora de escolher a profissão



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Estudante deve estar atento ao modismo na hora de escolher a profissão
JULIANA GONTIJO

As profissões consideradas hoje como boas opções podem não se concretizar, já que o futuro depende do cenário econômico, que pode mudar, observa o gerente de educação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial em Minas Gerais (Senai-MG), Edmar Alcântara.

Ele ressalta que os profissionais que fizeram cursos ligados à área de mineração no Estado encontram hoje boas oportunidades no mercado, mas é uma situação que pode mudar em questão de meses. "Atualmente, a China é uma grande compradora de Minas Gerais. Se acontece algo na economia deles e o país deixar de comprar o nosso minério, o mercado de trabalho no setor será afetado", ressalta.

Ele aconselha aos estudantes uma análise cautelosa na hora de escolher a profissão. "É preciso observar o que está acontecendo, ver as tendências, ter uma visão de longo prazo, além de tomar cuidado com os modismos e levar em conta as habilidades", orienta.

Para Alcântara, as listas famosas sobre profissões que estão em alta servem como orientação. Entretanto, não representam uma realidade imutável. "O mercado de trabalho não é uma ciência exata, é dinâmico, mutável. Hoje, você pode entrar na faculdade e a área pode ser considerada boa. Só que poderá não ser mais quando você se formar", ressalta.

O gerente do Senai-MG observa que, atualmente, as engenharias vivem um bom momento, com muitos postos de trabalho e salários atrativos e, justamente por isso, a atividade pode "inchar" nos próximos anos, devido ao aumento da procura pela área, achatando os salários. "É a lei da oferta e da procura. Como ainda há poucos profissionais, os salários são altos", frisa. 

Ele observa que há profissões que são criadas em razão do aperfeiçoamento da tecnologia, outras são tradicionais e se adaptam às mudanças, e há algumas que tendem a desaparecer, como é o caso de técnicos de rádio e televisão. "No muito, existirão alguns em razão da assistência técnica. Afinal, hoje já não compensa financeiramente mandar arrumar eletroeletrônicos e aparelhos celulares",diz.

Alcântara conta que as áreas tecnológicas, que normalmente agradam aos jovens, nem sempre são as que pagam mais. "Hoje, remuneração para a área da construção civil é melhor do que para técnicos em informática", observa.

O gerente do Senai-MG ressalta que os salários para os profissionais que fazem curso técnico é de, pelo menos, R$ 1.500. "Isso é o inicial. Entretanto, há algumas áreas, como automação industrial, eletrotécnica e mineração que oferecem salário inicial na casa dos R$ 2.000",diz. Valores esses que, num prazo de três a quatro anos de experiência, chegam a R$ 5.000.

Alcântara observa que o perfil econômico do Estado interfere nas oportunidades de emprego. "Engenharia de petróleo pode oferecer boas oportunidades no Rio de Janeiro, mas não em Minas", ressalta. Para ele, as áreas de energia renováveis, alimentação, software e meio ambiente têm boas perspectivas.

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