Hiperatividade e desatenção merecem cuidados especiais

Medicamento, terapia e apoio são fundamentais para o tratamento

 

Hiperatividade e desatenção merecem cuidados especiais
Medicamento, terapia e apoio são fundamentais para o tratamento
PUBLICADO EM 08/10/11 - 19h32
Há cerca de quatro anos, era comum a dona de casa Viviane Ribeiro, 43, ser chamada à escola devido ao comportamento e o rendimento do filho Breno, 12. A agitação do garoto e a dificuldade de concentração levantaram hipótese para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que atinge cerca de 5% das pessoas em idade escolar no mundo.
Quando o transtorno não é identificado, é comum imaginar que o portador não passa de uma criança "mal-educada". Porém, há cerca de um século, "existem critérios científicos com os sintomas", diz a psiquiatra Ana Christina Mageste Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (Abenepi).
São eles a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade. "A intensidade e a combinação desses sintomas vão determinar os três subtipos: predominantemente hiperativo, predominantemente desatento e misto", explica o médico neuropediatra Rodrigo Carneiro de Campos, membro da Abenepi e da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI). Segundo ele, o diagnóstico deve ser feito por equipe multidisciplinar, composta por neurologista, pedagogo, professor, psicólogo e fonoaudiólogo.
Quando soube do resultado do filho, Viviane ficou esperançosa. "Fiquei aliviada, pois ao menos a gente pode tratar quando sabe", diz.
Desde então, Breno toma medicamento, pratica esportes e vai ao neurologista mensalmente. "Ele melhorou 100%. A coordenação motora estava afetada. Agora, a letra está melhor", diz Viviane, que não é mais chamada à escola.
Adultos. O TDAH costuma se manifestar na infância, por volta dos 7 anos. "A pessoa nasce com o sintoma. Dependendo de alguma exigência maior na vida adulta (como atividades de concentração), os sintomas são detectados e o diagnóstico é feito", diz Ana Christina.
Quanto antes iniciado o tratamento, melhores os resultados do paciente. Além das intervenções com remédios - o metilfenidato é o mais prescrito -, é preciso apoio terapêutico, familiar e escolar. Mas cada caso é analisado separadamente.
O portador que não se trata pode ter desempenho insuficiente na escola e problemas de socialização. O adulto, por sua vez, pode viver o insucesso profissional e o tumulto nas relações, entre outras questões.
A dificuldade de se manter em um emprego era realidade para o artista Pablo Nunes, 28, diagnosticado com o TDAH aos 7 anos. Até a adolescência, ele fez acompanhamento psicológico, sem uso de medicamento. "Acreditava-se que era coisa de criança. Depois vi que não era bem assim", diz.
Hoje, de volta à terapia e realizando trabalhos como maquiador, figurinista e outros temas ligados à arte, ele aproveita suas habilidades. "Sou inteligente e talentoso, mas sei que tenho dificuldades maiores. Então, tenho que me esforçar mais do que as outras pessoas", diz.
Serviço
Em Belo Horizonte, há 551 Equipes de Saúde da Família (ESFs), em 147 centros de saúde, com equipe de saúde mental para avaliação e acompanhamento.
Em Minas Gerais, alunos já diagnosticados com transtornos mentais são encaminhados para escolas com equipe especializada, no ato da matrícula. Em breve, informativos sobre TDAH devem ser publicados.

Fonte: http://www.otempo.com.br/capa/brasil/hiperatividade-e-desaten%C3%A7%C3%A3o-merecem-cuidados-especiais-1.341493

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