Cidades não sabem tratar o lixo

Objetivo é reduzir de R$ 60 para R$ 15 os gastos com cada tonelada descartada

A destinação inadequada do lixo ainda é realidade em quase 60% das 48 cidades que integram a região metropolitana de Belo Horizonte e os municípios do entorno. Em 28 municípios, o resíduo é despejado de forma incorreta em aterros sem controle sanitário ou em lixões, o que contamina lençóis freáticos e o solo. Mais distante ainda, a coleta seletiva é ignorada nesses locais e o lixo urbano não é reciclado.


Pressionado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece que o Brasil não tenha mais nenhum lixão até 2014, o governo de Minas assinou ontem parceria com 46 cidades ao redor da capital para a gestão compartilhada dos serviços de transbordo, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. Belo Horizonte e Sabará, na região metropolitana, ficaram de fora por já possuirem modelo próprio de descarte do lixo. 

Na capital, segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), cerca de 3.580 toneladas de lixo gerada diariamente é encaminhada ao aterro Macaúbas, em Sabará. O local recebe ainda, da própria cidade, todos os dias, cerca de 100 toneladas de resíduos. 

A implantação do Programa de Gestão de Resíduos nos 46 municípios será feita através de uma Parceria Público-Privada (PPP). A expectativa é que a iniciativa privada invista pelo menos R$ 750 milhões por três anos, a partir de 2013, com a instalação de aterros sanitários, estações de transbordo e tratamento, além de pontos de coleta seletiva de lixo. 

"Em julho publicaremos o edital de licitação para a realização do serviço", explicou o secretário de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana (Segem), Alexandre Silveira. Segundo ele, com a implantação do programa as prefeituras terão uma redução nos custos, passando dos atuais R$ 60 para R$ 15, por tonelada. "A destinação correta é um processo caro. Juntos, os municípios conseguem reduzir esses custos, pois é produzido uma quantidade maior de lixo".

Com o programa instalado, o governo deverá arcar com 80% dos custos de manutenção e os municípios com os 20% restantes. 

De acordo com o diretor geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (ARMBH), Camilo Fraga Reis, a estimativa é que o Estado e os municípios invistam, anualmente, a partir de 2016, R$ 90 milhões na manutenção dos projetos de destinação correta do lixo.


Para o governador Antonio Anastasia, a adesão dos municípios é fundamental. "O lixão é um problema secular dos grandes centros e é uma cena deprimente. Vamos extinguir esses locais e transformar o lixo em um bom negócio".

Quantidade
Diária. Somente nas 46 cidades signatárias do convênio são produzidas, diariamente, 3.000 toneladas de resíduos sólidos. Isso representa um terço de todo o lixo produzido em Minas Gerais.
Cultura da reciclagem é desafio
Um dos desafios para os governos estadual e municipais, na opinião dos especialistas, é na implantação e manutenção de programas de coleta seletiva e também com a reciclagem do lixo.

Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em gerenciamento de resíduos sólidos, Luiz Guilherme Knauer, criar uma cultura de reciclagem na população só é possível se o governo oferecer uma infraestrutura adequada para isso. "Não adianta educar a sociedade para fazer a triagem se quando o lixo é recolhido acaba misturado novamente". 

Para Knauer, sem estrutura, as pessoas ficam desacreditadas. "Além de fornecer caminhões, o governo precisa criar espaços para a triagem e reciclagem do lixo". 

RENDA - Catador será incluído no projeto

Uma das exigências do Estado junto aos municípios participantes do convênio assinado ontem é que, no mínimo, 20% do resíduo seja destinado à reciclagem. O trabalho deverá ser feito por cooperativas de catadores. 
Para o representante em Minas do Movimento Nacional dos Catadores, Fernando Godoy, a manutenção dos profissionais no circuito de reciclagem representa uma fonte de renda. "Ficamos com receio de sermos trocados por grandes empresas. Dependemos disso para viver".

Os outros 80% do material descartado serão aterrados, com o reaproveitamento energético com a utilização do biogás gerado dos resíduos. 
Fonte: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=205751,OTE&busca=Cidades%20n%E3o%20sabem%20tratar%20o%20lixo&pagina=1

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