Quem não bebe socialmente pode se dar mal no trabalho

Hábito de participar de happy hour já foi tema da campanha de Obama nos EUA



Nova York, EUA. Mesmo com o número de almoços regados a martínis e as reuniões de equipe abastecidas com uísque diminuindo, muitos dos rituais de negócios norte-americanos continuam se desenvolvendo ao redor do álcool. Assim, para os profissionais que se abstêm da bebida - por motivos de saúde, religião, recuperação ou simplesmente por preferência pessoal - pode, algumas vezes, parecer difícil progredir se você não está disposto a tomar pelo menos uma dose.

   

"Se você fala que não bebe, você precisa lidar com as suspeitas de que não sabe jogar o jogo", afirma o diretor de um programa especial de tratamento para profissionais do direito, Link Christin. 
Como executivo de vendas de anúncios da revista "Forbes", Terry Lavin trabalhou muito para conquistar sua reputação como um bom companheiro de copo. "Basicamente, eu tinha uma cadeira cativa no bar. Sempre era o último a sair", lembra. 

Em um negócio baseado em afinidades, esse papel o ajudou a obter sucesso. Até 2010, quando ele decidiu dar um tempo para seu corpo e parou de beber por seis meses. "Eu ligava para os caras com quem tinha uma boa relação e que tinham um grande orçamento para investir em anúncios para chamá-los para um happy hour ou para comer alguma coisa, e eles falavam ‘você está bebendo? Não? Então deixa pra lá’", ele recorda.


Política. Para ver esse comportamento na prática, basta observar as eleições presidenciais nos Estados Unidos. Como parte de seu discurso para os eleitores de que Mitt Romney - um mórmon abstêmio que é diferente da maior parte dos norte-americanos -, o presidente Barack Obama ostentou seu gosto de "cara normal" por uma cerveja. "Ontem fui à Feira Estadual, comi um espetinho de porco e tomei uma cerveja. E estava ótimo", ele declarou para uma audiência lotada em Iowa. Foi ovacionado pela multidão. 

Para figuras menos públicas, a noção de que pessoas que não bebem não conseguem uma boa performance nos negócios - ou, pior, não são dignas de confiança - pode impedir o progresso profissional. 

"Há uma percepção de que você é impotente", afirmou um abstêmio, editor de uma revista voltada para o público que bebe. Ele pediu para não ser identificado na matéria, já que muitos de seus colegas não sabem que ele acabou de entrar para um programa de desintoxicação do álcool.

Naturalmente, a abstemia e o sucesso não se excluem mutuamente. Warren Buffett, Donald Trump, Joe Biden e Larry Ellison levaram uma vida abstêmia, e o sucesso também não faltou na vida de Mitt Romney. Além disso, as mulheres sóbrias podem até mesmo se beneficiar de um velho padrão. "Espera-se que os homens se juntem e fiquem insanos, mas as pessoas ainda olham torto quando as mulheres fazem o mesmo", afirma o terapeuta John Crepsac. "Há diversas coisas pelas quais as mulheres são discriminadas no mundo do trabalho, mas essa não é uma delas", complementa.



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