Sedentarismo mata tanto quanto o fumo e a obesidade


No Brasil, 49% não fazem exercícios, e inatividade é ligada a 13,2% dos óbitos
Publicado no Jornal OTEMPO em 19/07/2012

JULIANA SIQUEIRA


Alerta. No mundo, 30% da população é sedentária; quadro entre os adolescentes de 13 a 15 anos é pior: 80% não se exercitam o suficiente
LA OPINION/REPRODUÇÃO
A poucos dias dos Jogos Olímpicos de Londres, a revista médica britânica "Lancet" publicou uma série de estudos que escancara os problemas do sedentarismo, responsável por 5,3 milhões de mortes por ano no mundo.


Segundo os pesquisadores, a falta de atividade física pode ser considerada uma pandemia e é tão grave que reduz a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade. Está no sedentarismo a causa para 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardíacos.

Um dos estudos da série, coordenado por Pedro Hallal, da Universidade de Pelotas (RS), aponta que cerca de 30% da população mundial adulta é fisicamente inativa, mas o quadro para os adolescentes é mais preocupante: 80% dos jovens entre 13 e 15 anos não se exercitam o suficiente.

No Brasil, 49% dos adultos não praticam atividades físicas, e o sedentarismo é responsável por 13% das mortes por infarto, diabetes e câncer de mama e do intestino.

O comerciante Celso Freitas, 53, foi um exemplo dessa realidade durante mais de 20 anos. Ele conta que era sedentário e chegou a ficar 15 kg acima do seu peso. "Eu não tinha resistência para nada, além de ter sofrido com fortes dores musculares", relata.

O trabalho como motorista fazia com que ele ficasse o tempo inteiro sentado. Depois do serviço, não realizava nenhum exercício. Um dos motivos para isso? A falta de conhecimento sobre os riscos que corria.

"Todo mundo alega falta de tempo, mas é importante achar um espacinho na agenda. Se a pessoa não pode frequentar uma academia, o ideal é caminhar mais no dia a dia e subir escadas", diz Nabil Ghorayeb, médico do esporte do Hospital do Coração em São Paulo. 

Segundo o cardiologista Julizar Dantas, de Belo Horizonte, quando uma pessoa não faz exercício com a regularidade necessária, o organismo fica mais resistente à insulina, o que aumenta o risco de diabetes. "O sedentarismo contribui, ainda, para o aumento da pressão arterial, aumentando os riscos de um acidente vascular cerebral (AVC)".



HÁBITO
Cardiologista dá dicas para se exercitar
O médico cardiologista Julizar Dantas explica que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as pessoas devem se exercitar, ao menos, 30 minutos por dia. O ideal seria durante toda a semana ou, no mínimo, cinco vezes na semana.


Dantas relata que uma das queixas das pessoas é a falta de tempo para fazer exercícios. Mas esse problema pode ser resolvido "parcelando" os minutos diariamente.

Caso não haja a possibilidade de caminhar 30 minutos de uma vez, eles podem ser divididos ao longo do dia, como, por exemplo, dez minutos pela manhã, dez minutos à tarde e dez minutos durante a noite.

O ideal mesmo é um condicionamento físico completo, explica o cardiologista. Isso quer dizer alongamento, musculação e atividades como natação, bicicleta ou caminhada. (JS)

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