Belo Monte uma usina polêmica

Obra chegará a ter 22 mil pessoas, mais do que muitas cidades mineiras

Altamira (PA). Quando reclamam de irregularidades que os prejudicam, os trabalhadores de Belo Monte deixam transparecer, mesmo que involuntariamente, solidariedade com colegas que sofrem o mesmo problema e com os milhares de operários que passarão pelo local até 2018. No pico da obra, daqui a alguns meses, serão 22 mil funcionários. É mais do que a população de 80% dos municípios de Minas Gerais. "Nossa luta é para proteger os que virão", afirmou o sindicalista Wéubio César da Costa, durante a última greve.


As terceirizações, muitas vezes entregues a empresas sem estrutura ou condições financeiras de se sustentarem, são uma das preocupações. Com o avanço da obra, o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) deve aumentar a presença de subcontratadas nos canteiros. O CCBM garante que leva em conta a idoneidade e legalidade das empresas.



Terceirizadas já prejudicaram operários no empreendimento. Há notícias de atrasos de salário e empregados trabalhando sem carteira assinada. Uma firma de segurança passou dois meses pagando só metade do prometido. "Foi uma péssima experiência", lamentou Jailson Xavier Martins, 19, um dos que pediram demissão da empresa. Ele saiu decepcionado de seu primeiro trabalho com carteira assinada.



Descompasso. A estrutura para fiscalizar a situação trabalhista em Altamira não acompanhou o salto repentino no número de pessoas com carteira assinada. "Promovida", em agosto, da categoria de agência para gerência, a unidade local do Ministério do Trabalho, que funciona em uma casa antiga alugada, só passou a ter auditores fiscais há algumas semanas. Antes da nomeação dos dois, a tarefa era feita por servidores de fora.



Apesar do nome pomposo, a gerência carece de estrutura mínima: o encosto de uma das velhas cadeiras da sala de espera é só um pedaço de ferro. A internet tem conexão discada, o que obriga um dos três funcionários a usar seu próprio modem para trabalhar.

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