O Brasil perde uma das referências da música caipira


Cantor morreu nesta sexta-feira em São Paulo
Morreu, aos 91 anos, à 1h40 desta madrugada de sexta-feira dia 04/05, no Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença de Gouvêa, na Mooca, zona leste da capital paulista, o cantor sertanejo José Perez, mais conhecido como Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco, que se desfez em 1994 com a morte de Tonico, seu irmão. 
Segundo José Carlos Perillo Perez, filho e empresário do cantor, o pai não vinha lutando contra alguma enfermidade considerada "gravíssima" e passou mal na tarde de quinta-feira (dia 3), quando foi internado no hospital, onde deu entrada com crise respiratória por volta das 15h.
Os médicos afirmaram aos familiares que, pelos sinais apresentados pelo cantor, ele havia sofrido um infarto dois dias atrás, apesar de não ter sentido sintoma algum em casa. Antes de morrer, Tinoco teve duas paradas cardíacas no hospital, afirmaram os parentes.
Segundo José Carlos, o pai estava relativamente bem. "Inclusive na quarta-feira ele gravou para o programa da Inezita Barroso lá no Teatro Franco Zampari, na Avenida Tiradentes. A apresentação vai ao ar no próximo dia 20", afirmou o filho do cantor. Ele também tinha uma apresentação agendada na Virada Cultural, neste domingo (6).
O velório de Tinoco teve início às 10h no Cemitério Quarta Parada, no bairro do Belém, na zona leste. O corpo foi sepultado no final da tarde desta sexta no Cemitério da Vila Alpina, também na zona leste.Tonico, faleceu no dia 13 de agosto de 1994 ao cair da escada do prédio onde morava. O último show da Dupla Tonico & Tinoco foi na cidade mato-grossense de Juína, em 7 de agosto de 1994.
Em 60 anos de carreira, Tonico e Tinoco realizaram cerca de 1,5 mil gravações, divididas em 83 LPs, 220 discos de 78 rotações e 37 compactos, que venderam mais de 150 milhões de cópias. Estima-se que a dupla fez mais de 40 mil apresentações em toda a carreira.
Foto: AETinoco ao lado de Roberto Carlos, em 2010
"Tonico e Tinoco foram a mais autêntica e longeva dupla da música caipira", afirma o jornalista José Hamilton Ribeiro, autor do livro "Música Caipira: As 270 Maiores Modas de Todos os Tempos". "Fizeram dupla por mais de 60 anos e neste tempo foram os principais nomes da música caipira em dois sentidos: nas canções que eles próprios criaram, e nas canções de outros autores que eles gravaram".
Segundo José Hamilton, é possível conhecer a história da música sertaneja ouvindo apenas Tonico e Tinoco. "As mais importantes obras da música caipira têm a ver com eles. 'Tristeza do Jeca', 'Chico Mineiro', 'Chalana', 'Cabocla Tereza', 'Ferreirinha', 'Chuá Chuá', 'Festa na Roça', 'Canoeiro'... Eles gravaram todas elas", diz.
O jornalista compara a importância da dupla à da Semana de Arte Moderna de 1922. "Na Semana, um grupo de intelectuais se reuniu para discutir como encontrar uma cultura autenticamente brasileira. Tonico e Tinoco encontraram naturalmente", afirma.

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