Escola tem 52 alunos em apenas uma sala de aula


Especialista afirma que uma turma deve ter, no máximo, 30 estudantes
LUNA NORMAND


Cinquenta e dois alunos em uma mesma sala de aula. Essa é a realidade dos estudantes do 9º ano da Escola Estadual Afonsino Altivo Diniz, no bairro Asteca, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. A direção do colégio afirma que tem salas disponíveis para redistribuir os alunos, mas que não tem autorização da Secretaria de Estado de Educação. O governo, por sua vez, diz que não deu o aval para criar as novas turmas porque não recebeu um pedido oficial da escola.

Fernanda Figueiredo, que é professora de português, conta que, no começo do ano, a situação era ainda pior, com 65 alunos na mesma sala. "O que fizemos foi um remanejamento de alguns adolescentes com 15 anos ou mais para o turno da noite, por isso, diminuímos para 52 alunos". Mesmo assim, ela conta que é difícil manter os alunos concentrados e, consequentemente, repassar o conteúdo. " É exaustivo, não conseguimos dar aula, e os alunos não conseguem aprender".

Segundo a professora, a direção tentou dividir os alunos, mas foi impedida pelo governo. "Eles disseram que não iam aumentar a carga horária dos professores para dar aulas em duas turmas", afirmou. 

E o problema não é falta de espaço físico. A escola tem três salas de aula vazias no período da manhã, mesmo turno do 9º ano. Para a vice-diretora, Wanderlita Ferreira, se a secretaria de Educação não solucionar o problema em breve, o desgaste será muito maior. "Nós não podemos dispensar alunos. Será mais complicado, mas vai ter que funcionar assim", disse.

Número ideal. Para a terapeuta e psicopedagoga Valéria Eugênia Silva, uma turma com mais de 30 alunos já começa a ficar comprometida. "Com 52 então, não dá para estudar nem dar aula, ainda mais se tratando de adolescentes e os inúmeros estímulos externos", explicou.


Secretaria afirma que não houve pedido formal
A Superintendência Regional de Ensino da Metropolitana C, vinculada à Secretaria Estadual de Educação (SES), garantiu ontem que não houve pedido formal da Escola Estadual Afonsinho Altivo Diniz para a divisão de turma. 

De acordo com a supervisora de atendimento escolar, Patrícia de Sá, a resolução 2018/2011 estabelece que, para divisão das salas, o número de alunos em uma única sala deve superar o limite de 35 para o ensino fundamental, mais 50%. Na teoria, o 9º ano deveria ter mais de 52 alunos para abrir uma nova turma. "Não podemos onerar a nossa folha de pagamento em salas vazias", disse. 

A direção da escola afirma que o ofício não pode ser protocolado porque faltava relatório de reprovações, que já foi encaminhado. 

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