Berlim sobre duas rodas


Berlim é um monumento à história contemporânea. Arte, arquitetura, museus, catedrais, ruas e parques tornam a capital alemã uma das mais carismáticas da Europa. No verão, sobre as rodas de uma bicicleta, é possível aproveitar a estrutura urbana reconhecida pelas práticas ecológicas e conhecer os pontos mais importantes da metrópole.

Texto e Fotos: João Correia Filho


Uma viagem a Berlim deve considerar uma palavra em alemão pouco conhecida da maioria dos visitantes: fahrrad. Além de danke schoen e auf wiedersehen (“muito obrigado” e “até breve”) acrescente o termo que identifica uma mania berlinense: bicicleta. Você também pode se referir à “magrela” como bike ou bicycle, em inglês, mas é bom aprender a palavra que funciona como um passaporte. Em Berlim, a bicicleta é uma mania tanto para berlinenses quanto para turistas – o veículo ideal para quem quer conhecer a cidade com liberdade, de maneira saudável e alternativa.

Plana e superplanejada, Berlim esbanja quilometragem de ciclovias: são cerca de 700 quilômetros de pistas. São Paulo, para comparar, dispõe de 30 quilômetros. A capital alemã é um exemplo de civilidade quando o tema é locomoção. Além do metrô e dos ônibus, que oferecem muitas linhas e pontualidade britânica, ou, melhor, germânica, as bicicletas viraram um símbolo contemporâneo. Conhecer Berlim de bicicleta é um empreendimento seguro, ecológico e divertido.
Museu de História Natural
O passeio pode começar no centro da cidade, próximo ao Reichstag, a sede do parlamento alemão, e ao Portão de Brandemburgo, o miolo da capital, onde há muitas lojas de aluguel de bicicletas. Dali, o primeiro roteiro é um passeio pelo jardim defronte ao parlamento, que chama a atenção pela imponência. Depois de ser destruído em fevereiro de 1933 por um incêndio criminoso atribuído por Adolf Hitler aos comunistas – cuja repercussão permitiu que os nazistas tomassem o poder em março daquele ano –, o edifício foi redesenhado e reinaugurado, em 1999, pelo arquiteto britânico Norman Foster. Em vez de uma massa de concreto, a cúpula virou uma estrutura de metal, vidro e espelhos totalmente transparente, com rampas circulares que permitem aos visitantes uma visão de toda a cidade.
Vale entrar para conhecê-lo e visitar os jardins lotados de artistas de rua, crianças, famílias, turistas e ciclistas. Se você resolver entrar, procure um local para trancar a bike – eles estão disponíveis por todo canto. Do alto da cúpula do Reichstag é possível ver o prédio da Chancelaria, a Coluna da Vitória, construída em 1873 para comemorar as vitórias prussianas, e parte do traçado do belo Rio Spree, que corta toda Berlim.
Vale entrar para conhecê-lo e visitar os jardins lotados de artistas de rua, crianças, famílias, turistas e ciclistas. Se você resolver entrar, procure um local para trancar a bike – eles estão disponíveis por todo canto. Do alto da cúpula do Reichstag é possível ver o prédio da Chancelaria, a Coluna da Vitória, construída em 1873 para comemorar as vitórias prussianas, e parte do traçado do belo Rio Spree, que corta toda Berlim.
A poucas pedaladas dali está o Portão de A poucas pedaladas dali está o Portão de Brandemburgo, construído em 1791, em estilo neoclássico, pelo arquiteto Carl Gotthard Langhans (1732-1808), já atravessado pelas tropas de Napoleão que invadiram a cidade em 1806. O monumento nos leva à maior marca histórica da cidade, fixada no imaginário global: aqui começou, em 1989, a queda do Muro de Berlim, transmitida ao vivo para todo o mundo pela televisão. Também conhecida como Muro da Vergonha, a parede de concreto, com 67 km de extensão, grades metálicas, 302 torres de observação e pistas para cães de guarda, foi construída em 1961, do dia para a noite, pela comunista República Democrática da Alemanha. Circundava toda a Berlim Ocidental, isolando-a e separando-a do restante da cidade e da Alemanha Oriental. Oficialmente, 80 pessoas morreram, 112 ficaram feridas e milhares foram presas tentando atravessá-lo clandestinamente afim de fugir para o Ocidente. No auge da Guerra Fria, a construção dividia o país, as vidas e as ideologias dos alemães.

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