Exercícios físicos ajudam na limpeza das células do corpo


Ao abordar os benefícios da atividade física, poucos falariam sobre a "faxina celular". Mas um novo estudo sugere que a habilidade do exercício físico de acelerar a remoção de "lixo" das células do corpo pode ser um dos seus mais valiosos efeitos.
Na nova pesquisa, publicada em janeiro na revista "Nature", cientistas do Instituto Howard Hughes da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas, nos Estados Unidos, estudaram dois grupos de camundongos. Um deles era considerado normal, com um sistema de limpeza celular funcional, e o outro, com um mau funcionamento da limpeza celular. 
Há tempos os cientistas já sabem que as células acumulam restos do dia a dia. Dentro do corpo celular, é formada uma espécie de lixo a partir da quebra de proteínas, pedaços de membrana celular, vírus e bactérias mortas, além de outros componentes celulares, que já não mais são utilizados pelo organismo.
Na maior parte do tempo, as próprias células varrem os restos para fora do corpo. Elas reciclam esse material para gerar energia. A partir do processo de autofagia, as células criam membranas especializadas, que envolvem o lixo e o carregam até uma região chamada de lisossomo (uma organela celular), onde os restos descartáveis são quebrados e queimados, como fonte de energia.

Sem esse sistema eficiente, as células podem "engasgar" e morrer por conta do mau funcionamento. Recentemente, alguns cientistas começaram a suspeitar de que os processos falhos de autofagia contribuíam para o desenvolvimento de uma série de doenças, incluindo o diabetes, a distrofia muscular, o câncer, e o Alzheimer.

Além disso, a desaceleração dos processos de autofagia, com a chegada da meia-idade, também parece ter um papel importante no envelhecimento. 

Pesquisadores acreditam que o processo evoluiu em resposta ao estresse causado pela fome. Durante o experimento, a células se reuniam para consumir partes supérfluas delas mesmas para manter as partes importantes vivas. No laboratório, a taxa de autofagia aumenta quando as células "passam fome" ou são expostas a situações de estresse. 

O exercício é interpretado como estresse físico. Entretanto, até recentemente, poucos pesquisadores haviam questionado se o exercício poderia influenciar a autofagia das células e, caso isso fosse possível, acarretaria em alguma diferença para a saúde do corpo.

"A autofagia afeta o metabolismo e tem inúmeros benefícios para o corpo, bem como o exercício", afirma Beth Levine, investigadora do instituto. "Parece que os dois fatores (exercício e limpeza celular) estão fortemente relacionados, mas ainda é difícil determinar por que caminhos eles andam juntos", aponta a pesquisadora. 

Testes. Para entender o processo, a cientista e seus colegas colocaram os camundongos para correr. Antes disso, os animais passaram por um tratamento para que as membranas envolvidas na autofagia pudessem brilhar no escuro. 

Após apenas 30 minutos de exercícios físicos, os camundongos tiveram um aumento significativo no número de membranas em destaque no corpo. Segundo os pesquisadores, isso indica uma aceleração no processo de autofagia. 

Em um segundo experimento, os cientistas criaram um grupo de camundongos que foi impedido de aumentar a quantidade de limpeza celular.

Quando foram colocados para correr ao lado do grupo de controle, aqueles que eram resistentes à autofagia rapidamente ficaram mais cansados. Os músculos desse grupo de animais pareciam incapazes de utilizar o açúcar do sangue da mesma forma que os camundongos normais.

Traduzido por Luiza Andrade.
 Fonte: www.otempo.com.br

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