Brasileiro paga imposto alto e tem o pior retorno do mundo


Todo mês, a professora Luiza Vieira gasta mais de R$ 500 em plano de saúde, escola para a filha e gasolina para o carro. Se ela morasse em algum país europeu ou mesmo nos vizinhos Uruguai e Argentina, provavelmente economizaria boa parte desse dinheiro usando os serviços públicos, pelos quais já paga em forma de impostos. Levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que o Brasil é o país que dá menos retorno ao cidadão nos impostos pagos. A pesquisa foi feita entre os 30 países com maior carga tributária do mundo.

Os impostos, taxas e contribuições cobrados no país representam 35,13% do Produto Interno Bruto (PIB). Já o índice de retorno, calculado a partir de um cruzamento entre o PIB e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da Organização das Nações Unidas (ONU), é o mais baixo, 135,83. A Austrália, que aparece em primeiro no ranking, cobra 25,9% em carga tributária, mas tem índice de retorno de 164,18. Há países onde o peso do imposto é maior, como a Noruega (42,8% do PIB), Reino Unido (36%) e Alemanha (36,7%), mas que dão maior retorno ao cidadão. "O Brasil, com arrecadação altíssima e péssimo retorno desses valores à população em serviços como segurança, educação e saúde, fica atrás, inclusive, de países da América do Sul, como Uruguai, na 13ª posição e Argentina, na 16ª colocação", afirma o presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

Um outro estudo do IBPT mostra que o brasileiro trabalha quase cinco meses do ano para custear a cobrança de impostos. O sócio da consultoria PWC em Minas Gerais, Roberto Correa, diz que a estrutura da máquina pública brasileira dificulta a fiscalização da aplicação dos impostos. Ele também ressalta que é preciso fazer urgentemente uma reforma tributária para garantir uma arrecadação mais equilibrada. "Todo mundo sabe que é preciso fazer a reforma, mas ninguém quer perder", diz.

Ele explica que, a princípio, Estados, municípios e a União teriam que abrir mão de uma parte da receita tributária, mas acredita que no médio prazo, a arrecadação voltaria ao patamar anterior ou cresceria. "Muitas atividades que estão na informalidade poderiam ser formalizadas", afirma. Outro aspecto é que com carga tributária menor, o contribuinte teria mais dinheiro livre para o consumo, o que aumentaria a arrecadação na ponta, como aconteceu com o setor automotivo, que bateu recordes de venda a partir da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).


Fonte: www.otempo.com.br

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