Mulheres da Libéria e Iêmen recebem o Nobel da Paz


A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a também liberiana Leymah Gbowee e a iemenita Tawakkol Karman, figura de liderança da primavera árabe, receberam neste sábado, em Oslo, o prêmio Nobel da Paz, concedido a elas por destacarem o papel das mulheres na resolução de conflitos. "Vocês representam uma das forças motrizes mais importantes da mudança no mundo de hoje: a luta pelos direitos humanos em geral e a das mulheres pela igualdade e a paz, em particular", declarou o presidente do comitê Nobel, Thorbjoern Jagland, durante a entrega do prêmio.
Os nomes delas já havia sido anunciado pelo comitê do Nobel no dia 7 de outubro por sua luta pacífica em favor da segurança das mulheres e de seus direitos de construir a paz. Durante entrevista à imprensa, no Instituto Nobel, na sexta-feira, as laureadas prestaram homenagem a todas às mulheres que, segundo elas, não são apenas vítimas de conflitos, mas que também contribuíram de maneira decisiva para a sua solução. "O tempo no qual as mulheres se apresentavam como vítimas chegou ao fim. Elas agora estão na liderança, na direção, não apenas de seus países, mas do mundo", declarou Tawakkol Karman.
O prêmio Nobel consiste numa medalha de ouro, acompanhada por um diploma e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (cerca de um milhão de euros) que elas vão compartilhar. Os Nobel de literatura, química, física, medicina e ciências econômicas também serão entregues neste sábado, em Estocolmo.
Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, passou para a história ao se tornar, em 2005, a primeira mulher eleita chefe de estado no continente africano, em um país de quatro milhões de habitantes traumatizados por guerras civis que, de 1989 a 2003, deixaram 250.000 mortos. Os conflitos destruíram a infraestrura e a economia do país. "Desde sua posse em 2006, Ellen Johnson Sirleaf contribuiu para garantir a paz na Libéria, para promover o desenvolvimento econômico e social e para reforçar o lugar das mulheres na sociedade liberiana", destacou o comitê norueguês durante o anúncio das laureadas em outubro.
A chegada da presidente ao poder foi possível graças ao trabalho de Leymah Gbowee, "guerreira da paz", fundadora do movimento pacífico que contribuiu para terminar com a segunda guerra civil em 2003. Uma das mais memoráveis contribuições de Leymah à paz em seu país foi a ideia de convocar uma "greve de sexo". Lançada em 2002, essa iniciativa original levou as liberianas de todas as confissões religiosas a negar sexo aos homens até que cessassem os combates - o que obrigou Charles Taylor, ex-chefe de guerra convertido em presidente, a envolve-las nas negociações de paz.
A terceira laureada, a iemenita Tawakkul Karman, também foi premiada pela luta pela inclusão da mulher no processo político - assim como na África, no Oriente Médio elas têm pouquíssima participação na tomada de decisões. Conforme o comitê, Tawakkul "teve papel preponderante na luta pelos direitos das mulheres, democracia e paz no Iêmen, tanto antes como durante a primavera árabe". Tawakkul Karman é a primeira mulher árabe a receber o Nobel da Paz.


Fonte: veja.abril.com.br/noticia/brasil/tres-mulheres-recebem-o-nobel-da-paz

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