Em meio a protestos na Rússia, presidente da Duma renuncia

Aliado de Putin, Boris Gryzlov deixa presidência da Câmara Baixa do Parlamento em meio a denúncias de fraudes na eleição

Em meio a protestos na Rússia, presidente da Duma renuncia

Aliado de Putin, Boris Gryzlov deixa presidência da Câmara Baixa do Parlamento em meio a denúncias de fraudes na eleição

·        
Foto: Reuters
Boris Gryzlov, presidente da Duma, em foto de setembro
Leia também:
O presidente da Duma, a Câmara Baixa do Parlamento russo, Boris Gryzlov, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira. Gryzlov, que exerceu o cargo por oito anos, é aliado do primeiro-ministro, Vladimir Putin, e renuncia em meio aos protestos contra supostas irregularidades nas eleições parlamentares de 4 de dezembro.
“Apesar de a lei não fixar limites, não vou mais participar da Duma por considerar incorreto ocupar o cargo de presidente por mais dois mandatos consecutivos”, afirmou Gryzlov, em Moscou. “Seguirei dirigindo o conselho superior do partido Rússia Unida e estou disposta a trabalhar no que o presidente (Dmitri Medvedev) quiser.”
Gryzlov foi ministro do Interior entre março de 2001 e dezembro de 2003, durante o primeiro mandato presidencial de Putin.
Em seguida, assumiu a presidência da Duma, sendo acusado de reduzir a Câmara Baixa do Parlamento em um mero órgão de certificação das decisões do governo. “A Duma não é lugar para debates políticos”, declarou certa vez.
Na terça-feira, durante uma reunião com Medvedev e os demais partidos da Câmara, Gryzlov propôs que a oposição conte com três dos oito vice-presidentes da Duma e 14 dos 29 comitês parlamentares.
A renúncia é anunciada no momento em que o regime de Putin enfrenta um movimento de contestação sem precedentes. Na semana passada, centenas de manifestantes saíram às ruas para protestar contra supostas fraudes nas eleições parlamentares.
Todos os setores opositores e observadores internacionais foram unânimes ao denunciar graves irregularidades na votação. As autoridades russas, por sua parte, dizem que a votação foi perfeitamente livres e justas e rejeitam todas as acusações de fraude.
Ao apresentar sua renúncia, Gryzlov afirmou que as investigações sobre fraudes “não irão influenciar de forma alguma o resultado da votação e sequer um décimo percentual para qualquer partido”.
O partido de Putin, Rússia Unida, conseguiu cerca de 50% dos votos, forte queda em relação aos 64% obtidos na eleição de 2007.

Comentários