Seca coloca 79 municípios em situação de emergência

Algumas cidades só terão chuva a partir de outubro, aponta a meteorologia




A seca que atinge Minas Gerais colocou a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) em alerta. Até ontem, 79 municípios no Estado haviam decretado situação de emergência. O número, considerado alto, aproxima-se dos 111 somados ao longo dos 12 meses do ano passado, quando 772 mil pessoas foram atingidas pela estiagem prolongada.

Mas o que mais preocupa as prefeituras é que, pelas estimativas da meteorologia, alguns municípios só terão chuva na segunda quinzena de outubro. Normalmente, o período de seca vai de maio a setembro.

Das 79 cidades que não registram uma gota sequer de chuva nos últimos 60 dias, 59 estão na região Norte do Estado. As cidades de Joaquim Felício e Augusto de Lima, ambas na região Central, além de Itambacuri, no Vale do Rio Doce, e outros 16 municípios do Vale do Jequitinhonha, estão na mesma situação.

De acordo com o superintendente técnico operacional da Cedec, major Edylan Arruda, a população rural nessas localidades é a mais afetada. A escassez de água afeta o abastecimento em muitas casas, uma vez que as populações sobrevivem principalmente do que vem das pequenas plantações.

Cestas básicas e água potável em caminhões-pipa foram enviadas às cidades por meio das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (Comdecs). Outra medida emergencial, segundo o major Edylan, é a construção de cisternas. A instalação dos reservatórios, porém, depende de licitação e só deve ser concluída no mês que vem.

"Isso é o mais importante para amenizar os efeitos da seca, além da construção de represas", explicou o major. Segundo ele, a previsão é que 752 cisternas sejam instaladas nas cidades afetadas pela seca.

Segundo o meteorologista do Centro de Meteorologia MinasTempo, Ruibran dos Reis, a estiagem acentuada neste ano é consequência da chuva escassa em janeiro e fevereiro. Ele explicou que nem mesmo as precipitações registradas em março foram capazes de abastecer os municípios.

De acordo com o chefe da seção de previsão do 5º Distrito de Meteorologia de Minas Gerais (Inmet), Jorge Luiz Moreira, o Norte de Minas é mais afetado por estar no chamado Polígono da Seca - região do semiárido brasileiro formada também pelos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo.
Previsão do tempo
Menos chuva. A previsão para os próximos quatro meses é tempo seco em
todo o Estado.

Temperatura elevada.
A média histórica de temperatura nas regiões Norte (mínima de 14°C
e máxima de 28°C), metropolitana (15°C /
25°C), além dos vales do Jequitinhonha (16°C/28°C) e Mucuri (15°C/26°C)
deve ficar dois graus
acima do normal.

Temperatura normal.
Já na região Sul do Estado, a previsão até outubro é
de temperaturas variando entre 10°C e 25°C. Na Zona da Mata, normalmente
de 13º C a 24º C, a temperatura fica na média.

Chuvas. Nessas duas últimas regiões, haverá chuvas ocasionais.
DESESPERO
Moradores imploram socorro
Sem água para consumir e para produzir alimentos, a situação de milhares de pessoas no Norte de Minas é sofrida. Na cidade de Bocaiuva, primeiro município no Estado a decretar emergência pela seca neste ano, cerca de 6.000 pessoas (o correspondente a 13 % dos 45 mil habitantes) estão recebendo auxílio da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec).

Os trabalhos acontecem em conjunto com as secretarias municipais de Agricultura e de Assistência Social, que também fornecem roupas e cobertores para a população que sofre com o frio nas madrugadas. De acordo com o coordenador da Comdec de Bocaiuva, Miguel de Oliveira, há situações em que as pessoas se desesperam para receber donativos.

"Fui a uma região onde um senhor correu atrás da gente e pediu pelo amor de Deus para receber uma cesta básica", contou Oliveira, que trabalha nas regiões mais afetadas pela seca.

Segundo o coordenador, apesar de viverem em situação precária, muitos dos moradores de regiões rurais se recusam a deixar os locais onde moram para ficar em pontos mais estruturados, o que dificulta o trabalho da Comdec. "Nem sempre conseguimos ajudar essas pessoas", lamentou.(RR)


Fonte: www.otempo.com.br

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