Os segredos da Finlândia

Centro da capital Helsinque
Os segredos da Finlândia é o modelo para o mundo em nível de educação, e está anos-luz à frente do sistema educacional brasileiro. Os motivos que levam a educação do país gélido da Escandinávia a ser uma das mais reconhecidas do mundo é a valorização, reconhecimento e investimento dos seus educadores com a média de formação os títulos de mestrado. Contam com muita liberdade na preparação de suas aulas, o país não se caracteriza por ter muitos alunos brilhantes, mas por ter um número muito baixo de fracassos escolares. Segundo dados de 2001, a Finlândia dedicou à educação 6,25% do PIB. É verdade que os professores não estão muito bem pagos, mas gozam de um grande reconhecimento social, um professor da escola primária na Finlândia recebe cerca de 25% menos que um colega seu espanhol, segundo os dados da OCDE. Mas os professores estão conscientes do seu papel como motor fundamental da sociedade finlandesa. Por isso, há disputas para entrar na escola de Pedagogia e para obter um lugar como professor.
Mas, que faz com que num país a educação se transforme no eixo sobre o qual gira a sociedade? Que leva um país a venerar os seus professores? “É uma questão de cultura, de reconhecimento histórico”, indica Jari Jokinen, que representa o seu país na UE, “a Finlândia foi o segundo país do mundo, e o primeiro da Europa, a permitir o voto das mulheres. As mulheres sempre tiveram muito claro que os seus filhos teriam uma vida melhor se estudassem e elas próprias incentivaram a participação na vida pública para que o nível educativo seja alto na Finlândia”. A capital Helsínque, desejosa de desfazer-se do domínio sueco e russo, apostou na educação e na aprendizagem do finlandês como ferramenta para a emancipação cultural. Foi então que se criaram as escolas públicas, também ensinam outras línguas como o inglês e o sueco, língua oficial que é falada por 6% da população e consta como obrigatório no currículo, embora muitos não simpatizem. O número máximo de alunos em cada sala é 16, quando termina o ano, os professores sentam junto com os pais para avaliar os objetivos que os próprios alunos fixaram no início do ano e irão decidir a sua nota. Pouco importa, porque na verdade o que conta é a avaliação contínua, isto é, a aprendizagem e a atitude do jovem durante todos os dias do ano. Para Matti Meri, um dos professores da Faculdade de Pedagogia de Helsínque, esta é a única maneira sensata de funcionar: “O ser humano tem que ser capaz de fixar os seus próprios objetivos e, depois, ser capaz de avaliar-se para delegar na sociedade a responsabilidade dos seus atos”. Além disso, é fundamental estabelecer uma relação de igualdade entre professores e alunos. “O professor não tem que saber muito. Tem que saber escutar. Às vezes, é mais importante escutar o aluno e partilhar os seus conhecimentos. Na Finlândia, os professores e os alunos respeitam-se muito, mas não por uma questão de hierarquia, mas de igualdade”. E essa palavra, igualdade, aparece uma e outra vez nos folhetos do Ministério da Educação finlandês. Ensino público para todos, comida grátis na escola, livros escolares fornecidos pelo Estado, iniciativas, às vezes saem dos alunos para o andamento da rotina escolar.
Paisagem típica da Escandinávia
Modelo de sala de aula
No começo do ano, cada classe escolhe dois representantes entre os alunos, que se reúnem periodicamente com os pais e professores para lhes expor os seus problemas e projetos. Durantes as aulas é normal professores de ciências naturais pescarem no gelo, outros vão ao museu na de História ou fazem uso da Internet na de Geografia. A falta de diretrizes procedentes do ministério ou da escola obriga-os a ser criativos. Ninguém fica para trás, na Finlândia, os alunos com dificuldades de aprendizagem são chamados multiespeciais – e os que necessitam de subir nota, estudam um programa à medida. O objetivo é que nenhum deles fique para atrás. Estudam as mesmas matérias, mas com um programa individualizado, com o resto dos alunos, eles provam o sabor do mercado de trabalho durante duas semanas por ano, nas quais trabalham como merceeiros, mecânicos, padeiros. Só 10% dos alunos abandonam a escola após terminar a educação primária, face à média européia que ronda os 18%. Como integrar os alunos procedentes de outras culturas é, no entanto, algo que os professores finlandeses pouco têm trabalhado. Nas escolas há muito poucas crianças filhos de emigrantes, algum somalis, iraquianos… Mas cada vez são mais os que chegam para ficar a este país de cinco milhões de habitantes.
 Por Edinilson de Sousa Matias (Estudante de Jornalismo e professor)

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