Os interesses da mídia

A palavra mídia é uma palavrinha bonita, simpática. Ela, em sua origem grega, não diz quase nada. Mídia são os meios: meios de comunicação. Pronto, acabou. Eles servem para comunicar, o que seria bom, se fosse verdade. Na realidade, a palavrinha simpática esconde que estes meios são de comunicação, sim, mas são direcionadíssimos. Não existe uma mídia que seja puramente mídia, pois ela é o meio para disputar a hegemonia. Para garantir a hegemonia atual ou se contrapor a esta. A mídia tem dono, tem classe e interesses de classe a defender. Estes interesses não são os do povo, obviamente.
No livro Chatô, o Rei do Brasil, de Fernando Morais, há uma passagem na qual o criador dos Diários Associados, após ter comprado vários jornais, em 1931, explicita sua atitude frente ao novo governo de Getúlio Vargas. Escreve o autor: Prevendo que teria problemas com a censura, deu ordem para que os jornais e a revista mantivessem uma postura neutra e imparcial diante do governo, apenas noticiando atos. Quem quisesse ter opinião que fizesse como ele: comprasse um jornal. Nos Associados, só o dono emitia opiniões, semelhante ao exemplo de Hugo Chávez, na Venezuela. 
A palavra já explica. Um golpe orquestrado, coordenado, desejado, planejado e executado pela mídia burguesa venezuelana e por seus donos, com suas poderosas máquinas de TVs, rádios e jornais, com ajuda ideológica do imperialismo americano, que se colocou ao seu dispor. Chávez aprendeu a lição. Neste ano de 2005, centenas de rádios comunitárias foram incentivadas e autorizadas a funcionar. O mesmo vale para as TVs comunitárias. Mas não só com rádios e TVs comunitárias se garante uma disputa contra-hegemônica, numa sociedade totalmente midiatizada. Chávez precisava de algo mais. Assim, a Venezuela encabeçou a iniciativa de criar uma televisão alternativa às que tentaram derrubar o governo em 2002. 

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