Destinação do lixo

Foram 21 anos de polêmica e tramitação no Congresso até que o Brasil pudesse, finalmente, ganhar uma lei para estabelecer regras na gestão do lixo produzido no país. E a quantidade de resíduos não é pouca: são 57 milhões de toneladas todos os anos. Só na capital mineira, a média de lixo gerado por habitante é de 1,2 kg por dia, conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Atualmente, 43% dos resíduos coletados no país têm destino inadequado, tornando um grande desafio para o poder público, com destaque para as prefeituras, responsáveis por elaborar um plano de coleta seletiva e a construção de aterros sanitários adequados ambientalmente, onde só poderá ser depositado o lixo sem qualquer possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem. 
A despesa média municipal no Brasil para dar conta de todos os serviços de limpeza urbana é de pouco mais de R$ 9 por habitante por mês, muito inferior à média de outros serviços essenciais, como luz e água.
Conforme os dados do IBGE, apenas 17% dos municípios do país têm coleta seletiva, no entanto, o destino ideal para o lixo ainda está longe de ser alcançado pela maior parte das cidades brasileiras. Existem tecnologias como a incineração, por exemplo, que resolve muito bem o problema, mas é muito cara e atualmente apenas o aterro controlado, é adequado diante da realidade dos municípios brasileiros.

Diferente dessa realidade, o bom exemplo da pequena cidade mineira de Ibertioga, não considera mais seu lixo como um problema, pois a Usina de Triagem e Compostagem (UTC), em funcionamento há três anos, dá a destinação adequada a todas as 22 t de resíduos que são coletadas por mês. O lixo orgânico, que é triturado e vira adubo em um horto florestal é separado do lixo reciclável que é triado e vendido para empresas. É considerado o único município mineiro que faz tratamento térmico dos rejeitos de saúde antes de aterrá-los.
A capital Belo Horizonte busca novas alternativas para destinar material reciclável e universalizar seus serviços. Com 3.800 t de lixo por dia, aproximadamente 13% desses resíduos são encaminhados para reciclagem, de acordo com dados da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). 
O material beneficiado é vendido a indústrias de reciclagem. O dinheiro da venda é destinado à manutenção da coleta seletiva. Na capital mineira, segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), são descartadas 3.800 toneladas de lixo por dia, aproximadamente 13% são encaminhados à reciclagem através de sete cooperativas. O grande problema é a falta de planejamento e estrutura para tornar a coleta seletiva viável, pois quem realiza esse serviço são catadores que fazem a coleta para própria renda.
A grande quantidade de lixo reciclável produzida no hipercentro da capital superlotaria o serviço de coleta seletiva da cidade. Mesmo se todos os 2 milhões de habitantes da capital acordassem ecologicamente corretos, não teremos como atender a demanda".
O desrespeito com o ambiente em que vivemos como jogar lixo no chão pode ser visto em diferentes lugares, para aliviar este problema, há necessidade de campanhas educativas para instruir a população e oferecer meios para que mais resíduos sejam separados e reciclados, buscando novas alternativas para a destinação dos recicláveis e assim, universalizar os serviços. Apesar disso, nem todos os cidadãos têm consciência da importância de fazer sua parte para diminuir a geração de lixo, entretanto alguns fazem questão de lutar contra um dos problemas ambientais mais urgentes a serem resolvidos.
Atitudes ambientalmente corretas podem parecer difíceis, mas não são, como lavar o plástico que embalam os produtos que trazem do supermercado não toma tanto tempo, “se não lavar, não tem como reciclar”.
O destino ideal para o lixo ainda está longe de ser alcançado pela maior parte das 5.565 cidades brasileiras, segundo o documento Ciclosoft 2010 do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Na pesquisa, que é realizada a cada dois anos pela entidade, apenas sete municípios brasileiros conseguem oferecer, de forma plena, a coleta seletiva aos seus moradores.
De Minas, apenas um: Itabira, na região Central do Estado, aparece nas estatísticas. O município disponibiliza uma estrutura que atende os 110 mil habitantes que participam ativamente da coleta seletiva. Na cidade, a coleta seletiva acontece três vezes por semana, junto com o recolhimento de resíduos orgânicos. A cada dia, são recolhidas 68 toneladas de lixo no município. Desse total, sete toneladas são apenas de produtos que serão destinados à reciclagem, como plásticos, vidros, papel e papelão. A adesão aos programas chega a 100% da população, número bastante expressivo.
As outras cidades apontadas como modelo no controle e separação de resíduos são as capitais Curitiba (PR), Porto Alegre (RS) e Goiânia (GO), além de Santos, Santo André e São Bernardo do Campo, todas em São Paulo. Em dois anos houve aumento de apenas 9,3% no número de municípios que fazem coleta seletiva no país, eram 405 em 2008, e hoje são 443. Apenas 8% dos municípios brasileiros realizam de fato esse trabalho.

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